O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, prestará esclarecimentos na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal nesta terça-feira (25/11), em audiência pública convocada para debater dois temas sensíveis, o acordo de leniência firmado com o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o uso das chamadas “contas-ônibus” por fintechs.
A convocação de Galípolo partiu de um requerimento do senador Renan Calheiros (MDB‑AL), presidente da CAE, que exigiu explicações claras sobre o acordo de R$ 300 mil pago por Campos Neto para encerrar um processo administrativo no BC.
Segundo Calheiros, a medida levanta preocupações sobre transparência institucional e a natureza inédita de uma leniência entre o Banco Central e seu ex-dirigente.
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Galípolo vai ao Senado explicar acordo entre BC e Campos Neto
Além disso, a CAE quer entender melhor as “contas-ônibus”, estruturas usadas por fintechs para consolidar movimentações de vários clientes em uma única conta mantida por banco parceiro, o que, segundo especialistas, pode dificultar o rastreamento de transações e facilitar lavagem de dinheiro.
Também foi convocado para a mesma audiência Ricardo Saadi, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), para explicar o papel do órgão nesse tipo de operação financeira.
A audiência deve tratar principalmente sobre a credibilidade do Banco Central, já que o acordo de leniência com Campos Neto é visto por senadores como um momento delicado para a autoridade monetária. Há questionamentos sobre a condução do processo administrativo, possíveis favorecimentos e os critérios adotados para encerrar o caso.
Além disso, existem riscos de integridade financeira, pois as chamadas “contas-ônibus” são apontadas como uma brecha que pode permitir operações suspeitas e seu uso inadequado compromete a fiscalização.
Por fim, a audiência também traz pressão política, representando uma oportunidade para o Senado reafirmar sua função de fiscalização sobre o sistema financeiro, especialmente em temas sensíveis que envolvem instituições estratégicas como o BC e o Coaf.
Fonte: Metrópoles

