Homens armados sequestraram mais de 300 alunos de uma escola católica particular no estado de Níger, no centro-norte da Nigéria, segundo as autoridades.
Este é o mais recente de uma série de sequestros e ataques em massa que chamaram a atenção do governo Trump, nos Estados Unidos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, expressou frequentemente indignação com as alegações contestadas de um “massacre em massa” de cristãos por insurgentes islâmicos na Nigéria e ameaçou com ação militar para proteger esse grupo religioso.
Apesar de alguns alunos terem conseguido escapar durante o ataque de sexta-feira (22), a CAN (Associação Cristã da Nigéria) informou que 303 alunos e 12 professores foram sequestrados, atualizando o número anterior de 215 alunos. Alguns têm apenas dez anos de idade.
O número foi atualizado após um censo final, segundo o presidente da seção do estado de Níger da CAN, o reverendo Bulus Dauwa Yohanna.
Ele visitou a Escola St. Mary na sexta-feira para se encontrar com os pais das crianças sequestradas.
Yohanna afirmou que os outros 88 alunos “também foram capturados depois de tentarem escapar” durante o ataque, acrescentando que os alunos eram meninos e meninas, com idades entre 10 e 18 anos, conforme relatado por seu porta-voz, Daniel Atori, à CNN no sábado.
As autoridades anunciaram o fechamento temporário de algumas escolas federais e estaduais no norte da Nigéria após o sequestro de sexta-feira, como medida preventiva para evitar novas ocorrências.

Ataques na região
O sequestro no estado de Níger, que faz fronteira com Abuja, capital da Nigéria, ocorre após um ataque semelhante a uma igreja por homens armados no estado vizinho de Kwara, no início da semana.
Durante o ataque à igreja, pelo menos duas pessoas foram mortas e vários fiéis, incluindo o pastor, foram sequestrados.
Além disso, nesta semana, homens armados sequestraram 25 estudantes do sexo feminino durante uma invasão a um internato feminino do governo no estado de Kebbi, no noroeste do país.
A vice-diretora da escola foi morta a tiros durante o ataque.
A criadora de conteúdo nigeriana Eze Gloria Chidinma, cuja irmã mais nova estuda na escola e conseguiu escapar durante o sequestro, disse à Associated Press que acredita que as autoridades “não estão fazendo o suficiente” para conter os casos de sequestros em escolas.
“É traumático”, declarou ela. “Para ser sincera, eu realmente não acredito nas autoridades.”
A mãe e o irmão mais velho de Chidinma também foram sequestrados em um incidente separado no ano passado.
O governo do estado de Níger condenou o mais recente ataque à Escola St. Mary’s, enquanto a polícia emitiu um comunicado na sexta-feira (21) indicando que as forças de segurança foram mobilizadas para a área e estão “varrendo as florestas” em um esforço para resgatar os estudantes sequestrados.
A Nigéria enfrenta uma onda de ataques de grupos armados que visam populações civis vulneráveis e orquestram sequestros em massa para obter resgate.
O país também é assolado por ataques com motivação religiosa e outros conflitos violentos decorrentes de tensões comunitárias e étnicas, bem como disputas entre agricultores e pastores pelo acesso limitado à terra e aos recursos hídricos.
Trump determina que Nigéria violou liberdade religiosa
No início deste mês, Trump designou a Nigéria como um “País de Preocupação Especial” sob a Lei Internacional de Liberdade Religiosa dos EUA, sugerindo que seu governo determinou que a Nigéria se envolveu ou tolerou “violações sistemáticas, contínuas e flagrantes da liberdade religiosa”.
Mas a realidade é mais complexa. Especialistas e analistas afirmam que tanto cristãos quanto muçulmanos (os dois principais grupos religiosos no país mais populoso da África) têm sido vítimas de ataques de islamitas radicais.
Em agosto, a agência de notícias Reuters noticiou que pelo menos 50 fiéis foram mortos (alguns baleados, outros queimados vivos) quando homens armados atacaram uma mesquita no estado de Katsina, no noroeste do país.
Bulama Bukarti, um defensor nigeriano dos direitos humanos especializado em segurança e desenvolvimento, disse à CNN: “Sim, esses grupos (extremistas) infelizmente mataram muitos cristãos. No entanto, eles também massacraram dezenas de milhares de muçulmanos”.
A recente onda de ataques coincide com a chegada de uma delegação nigeriana a Washington para discussões com autoridades do governo americano.
O secretário de defesa dos EUA, Pete Hegseth, publicou nas redes sociais que se reuniu na quinta-feira (20) com o conselheiro de Segurança Nacional da Nigéria, Mallam Nuhu Ribadu, “para discutir a horrível violência contra cristãos em seu país”.
“Sob a liderança de [Trump], [o Departamento de Guerra] está trabalhando intensamente com a Nigéria para acabar com a perseguição de cristãos por terroristas jihadistas”, acrescentou Hegseth.