Bicampeã olímpica, a Seleção Brasileira Feminina de Vôlei passa por um momento de bons resultados, permanecendo no pódio das principais competições mundiais, porém de jejum de títulos.
O Brasil não é campeão de um torneio intercontinental desde a conquista do Grand Prix de 2017, o que gera incômodo, cobranças e críticas por parte dos torcedores.
Para as medalhistas olímpicas Thaisa (ouro em Pequim-2008 e Londres-2012 e bronze em Paris-2024) e Nyeme (bronze em Paris-2024), as cobranças fazem parte do dia a dia de uma seleção tão vencedora.
“Eu acho que a cobrança é natural. Acho que é uma seleção muito forte, sempre presente em todas as finais e pódios e disputa ali entre as maiores equipes. Então eu acho que é muito natural acontecer essas cobranças. Cobrança é natural, vai ter pelo nível, por ser uma nação, por ser uma camisa e tudo mais. Agora o problema é quando sai dessa cobrança natural, dessa pressão normal, e vai pro hate”, destacou Thaisa.
“Falando agora como da nova geração, a minha mentalidade é assim: que bom que tão cobrando, sinal de que a gente tem algo a mais para oferecer. Agora a gente tem que se preocupar quando ninguém mais estiver nem aí para a gente”, completou Nyeme.
Fama de “amarelonas” antes do bicampeonato olímpico
Thaisa relembrou que a geração bicampeã olímpica também passou por derrotas dolorosas antes dos títulos. Depois de não conseguir subir no pódio em Atenas-2004, a Seleção Brasileira ficou com fama de “amarelona” após derrotas também nas finais do Mundial, para a Rússia, e do Pan, para Cuba.
O ouro em 2008 representou a volta por cima, mas, mesmo assim, a Seleção teve que se provar em Londres. Em 2012, a Amarelinha chegou como favorita, mas acabou perdendo para Estados Unidos e Coreia do Sul na primeira fase. Com uma vitória histórica por 3 a 2 contra a Rússia nas quartas de final, o Brasil conseguiu se manter vivo e voltar ao topo do pódio olímpico.
Na nossa geração lá atrás, a gente passou por isso, é natural, a gente tem que aprender a lidar. Tentar de fato que elas se blindem com relação à hate, porque faz mal, machuca. Se elas conseguirem se blindar com relação a isso, é meio caminho andado, porque realmente elas não vão ficar se cobrando excessivamente. (…) A equipe está muito bem, está no caminho muito certo, está conquistando medalhas, está disputando entre os melhores e é um processo. A gente também não só ganhou, a gente perdeu muito antes de começar a ganhar. Então, ter essa tranquilidade que as coisas vão acontecer no tempo certo.
Thaisa, bicampeã olímpica com a Seleção Brasileira
Para Nyeme, é motivo de orgulho vestir uma camisa tão vitoriosa e com tanta história.
“A história que as meninas construíram, o peso, acho nada vai apagar e perdura até hoje de uma forma muito linda. Então a gente tem que entrar lá com orgulho de poder fazer parte disso também, de tentar entender que a torcida, o Brasil, vai cobrar da gente porque eles acostumaram a ganhar”, afirmou.
Trabalho mental
As jogadoras do Minas destacaram também o trabalho mental que vem sendo feito na Seleção Brasileira com ajuda de profissionais. Para Thaisa, esse suporte é um diferencial.
“Elas estão tendo um trabalho muito bacana com a Vanessa (coach da Seleção), para trabalhar essa parte mental, de estar com elas, dando suporte. Isso aí é maravilhoso, porque há muito tempo a gente não teve muito esse suporte e ter isso hoje é muito importante. Então acredito que que a comissão está no caminho certo pensando por esse lado, em blindá-las”, elogiou a central.
Nyeme completou reforçando que trabalhar a mentalidade é importante para o desempenho seguir em alto nível.
“Eu acho que para a minha geração trabalhar essa mentalidade. Que bom que nós já estamos tendo isso na seleção para cada vez ficar mais forte. E eu tenho certeza que os próximos campeonatos vão ser melhores, como já estão sendo. As meninas esse ano foram maravilhosas. Fiquei muito feliz pelo desempenho delas e espero que só cresça cada vez mais”, afirmou a líbero.

