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Menopausa precoce hereditária? Mãe e filha tiveram os mesmos sintomas

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Menopausa precoce hereditária? Mãe e filha tiveram os mesmos sintomas

A professora aposentada Antônia Elizabeth Bonfim, de 64 anos, descobriu que estava na menopausa precoce aos 36 anos. Ela conta que os primeiros sinais surgiram aos 34, quando o corpo começou a mudar de forma repentina.

“Sentia minha barriga inchada, seios doendo e dores de cabeça muito fortes”, descreve. Ela lembra que as “ondas de calor” pelo corpo a incomodavam muito, a ponto de precisar dormir com gelo nas pernas para aliviar a sensação.

Nos anos seguintes, Antônia percebeu que sua menstruação se tornava irregular, até parar completamente. “Um mês vinha, outro não, até que cessou de vez”, conta. Após mais de cinco consultas, o diagnóstico foi confirmado por um ginecologista.

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Além dos sintomas físicos, a aposentada enfrentou períodos de tristeza profunda, falta de libido e perda de vontade de realizar atividades simples. “Fiquei deprimida, sem ânimo para sair ou conversar”, lembra.

Hoje, quase 30 anos depois, a filha de Antônia, Érida Camila, começou a apresentar sinais parecidos. Aos 32 anos, ela conta que sente picos de calor noturnos e dores insuportáveis nos seios, o que a levou a procurar acompanhamento médico.

“Faço consultas com o ginecologista regularmente. Na minha última consulta, meu médico pediu uma bateria de exames para saber se é ou não menopausa precoce”, relata.

O que é menopausa precoce?

A menopausa precoce, também chamada de insuficiência ovariana prematura, acontece quando os ovários perdem a função antes dos 40 anos. Isso faz com que a menstruação pare e os níveis de hormônios como o estrogênio caiam de forma significativa.

A ginecologista Larissa Sandon afirma que a condição pode afetar de 0,1% a 1% das mulheres nessa faixa etária– o quadro é considerado raro e pode causar sintomas típicos da menopausa comum.

“Mulheres diagnosticadas aos 30 perdem mais de 30 anos de vida reprodutiva e ficam décadas expostas à deficiência de estrogênio, o que aumenta os riscos para o coração e os ossos”, explica.

Segundo a especialista, as causas são variadas e podem envolver fatores genéticos, autoimunes, tratamentos médicos, infecções e até hábitos de vida. Quando há histórico familiar, o risco é 10 vezes maior.

“O estilo de vida também conta. Tabagismo, desnutrição, estresse crônico e sono inadequado podem antecipar o início da menopausa”, diz Sandon.

Principais sintomas da menopausa precoce

Os sintomas, segundo Larissa, podem se confundir com outras condições hormonais, como a síndrome dos ovários policísticos ou disfunções causadas por estresse. Por isso, é essencial procurar um ginecologista e realizar exames específicos de dosagem hormonal — especialmente o FSH, o estradiol e o hormônio antimülleriano (AMH), que indicam a reserva ovariana.

A ginecologista reforça que a condição tem componente hereditário importante, mas não é totalmente determinada pelos genes. “Mesmo com predisposição, é possível postergar o início da menopausa precoce em até sete anos com alimentação equilibrada, atividade física e controle do estresse”, acrescenta.

Em relação ao tratamento, a reposição hormonal costuma ser recomendada para proteger a saúde óssea e cardiovascular e aliviar os sintomas, mas cada caso deve ser avaliado individualmente.

Apesar de rara e difícil de reverter, a menopausa precoce pode ser controlada. Para Antônia, o mais importante hoje é acompanhar de perto a saúde da filha e conscientizar outras mulheres.

“Se eu tivesse recebido mais informações lá atrás, talvez tivesse lidado melhor com a situação. Hoje, quero que minha filha saiba o que está acontecendo com o corpo dela e tenha orientação desde o início”, conta.

Segundo recomendação médica, mulheres com histórico familiar devem começar o acompanhamento ginecológico mais cedo, a partir dos 28 ou 30 anos, e manter hábitos saudáveis. A prevenção e o diagnóstico precoce fazem diferença, inclusive para preservar a fertilidade.

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Fonte: Metrópoles

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