Um documento russo serviu como base para o plano de paz proposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para o conflito na Ucrânia, revelando uma continuidade no processo de aproximação entre Trump e Vladimir Putin. Em entrevista ao WW, Alberto Pfeifer, coordenador da DSI-USP e pesquisador do Insper Agro, afirmou que não surpreende o uso desse documento russo.
O documento em questão, conhecido como “non-paper” na linguagem diplomática, replica as principais demandas russas em relação à Ucrânia. A proposta dos EUA inclui pontos econômicos específicos, como o pagamento de US$ 100 milhões em reparações à Ucrânia pela Rússia e a reintegração do país ao G7, transformando-o novamente em G8.
Estratégia de negociação
Pfeifer destaca que a tática de aproximação com Trump segue um padrão já conhecido, onde governantes precisam demonstrar deferência e adulação para flexibilizar seu processo decisório. Segundo o especialista, embora o movimento seja surpreendente considerando as práticas diplomáticas tradicionais das últimas décadas, não chega a ser inesperado no contexto atual.
O plano, que contém 28 pontos, já foi contestado pelo presidente Volodymyr Zelensky e pelos aliados europeus. Apesar de aparentes negociações envolvendo Marco Rubio e possíveis ajustes em alguns pontos, o documento permanece essencialmente alinhado aos interesses russos.
De acordo com Pfeifer, sem a manutenção desta base, Putin não aceitará um acordo. Portanto, o documento ou foi apresentado para ser um “non-starter” – algo que não terá continuidade – ou terá que ser aceito quase integralmente, o que representaria, na prática, uma capitulação da Ucrânia.
