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Quem é Tiriça, ex-líder do PCC inimigo de Marcola e isolado em presídio

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Quem é Tiriça, ex-líder do PCC inimigo de Marcola e isolado em presídio

O nome de Roberto Soriano, vulgo “Tiriça”, voltou a ganhar destaque após ele ser punido com isolamento de 30 dias depois de a Polícia Penal Federal encontrar um osso de frango afiado em sua cela, na Penitenciária Federal em Mossoró (RN).

O ex-líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) se considera um inimigo de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como liderança máxima da facção. Soriano já foi apontado como o número 2 da organização. Os dois criminosos protagonizaram o que é chamado de “maior racha da história do PCC”. 

Entenda os detalhes da maior crise enfrentada pelo PCC

Tiriça foi um dos responsáveis por excluir e decretar a morte de Marcola em um “salve”. Ele e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, acusam o número 1 do PCC de traição, má conduta e “caguetagem”. Soriano já declarou uma vez: “eu não sou inimigo do PCC. Sou inimigo do Marcola”.

Soriano já foi condenado ao ser apontado como o mandante do assassinato do agente penitenciário federal Alex Belarmino de Souza, em Cascavel, no Paraná. Ele também sofreu condenação pelo homicídio qualificado consumado de Melissa Almeida, psicóloga da unidade de Catanduvas.

Osso afiado na cela

Segundo policiais ouvidos pela CNN Brasil, o osso encontrado na cela de Tiriça estava afiado como uma faca e o receio é que o item fosse usado para atingir algum agente, outro detento ou mesmo que houvesse uma tentativa de fuga com refém.

Presos sob custódia federal têm seis refeições ao dia. Normalmente a proteína servida não é com osso, mas eventualmente alguma refeição pode conter, no chamado “panelão”. E foi o que aconteceu, segundo apurou a CNN Brasil.

Nesse período de punição, Soriano vai ficar totalmente isolado, sem direito a banho de sol diário de duas horas e sem receber visita de familiares, até 11 de dezembro.

A defesa de Soriano não foi encontrada para comentar a punição.

Racha: Tiriça acusa Marcola de “caguetagem”

Em julho deste ano, um racha entre os principais líderes do PCC expôs uma crise sem precedentes dentro da maior facção criminosa do país.

Documentos obtidos pela CNN mostraram que o escritório de advocacia que defendia Marcola tentou impedir judicialmente a utilização de áudios considerados pela facção como um ato de “traição”.

A gravação foi feita em 15 de junho de 2022, durante uma entrevista da Divisão de Segurança e Disciplina (DISED) na Penitenciária Federal de Porto Velho, e flagrou Marcola apontando Tiriça, como o responsável pela morte do agente federal de Execução Penal Alex Belarmino Almeida Silva, assassinado em 2016 em Cascavel (PR).

A fala foi classificada por outros integrantes da facção como “caguetagem” — um rompimento das regras internas e considerado um crime imperdoável entre os membros.

Dias após a gravação, os advogados de Marcola enviaram um pedido à juíza da 13ª Vara Federal de Curitiba para o conteúdo ser desconsiderado. A solicitação solicitava a “nulidade da captação ambiental clandestina” e o desentranhamento dos autos, visando evitar que o áudio chegasse à cúpula do PCC. A defesa alegou ilegalidade na interceptação, mas a juíza Sandra Maria Correia da Silva, de Rondônia, autorizou o uso do material — inclusive nos processos que investigam a morte de Belarmino e de Melissa de Almeida Araújo, psicóloga assassinada em 2017, também no Paraná.

A crise dentro da organização revisitou durante o julgamento do assassinato de Belarmino, no começo de junho de 2025. Em depoimento, Abel Pacheco, conhecido como Vida Loka, acusou Marcola de ter delatado Soriano, dando início ao rompimento interno. “Caguetagem” é uma acusação grave no mundo do crime, e a revelação das falas de Marcola foi considerada a gota d’água.

Nos áudios interceptados, Marcola também relembra seu papel durante a rebelião de 2001 em Taubaté, afirmando ser “filho” do diretor Guilherme Silveira e que chegou a “administrar a penitenciária”. As falas — somadas à acusação contra Tiriça — foram mal recebidas por antigos aliados e aprofundaram a ruptura entre as principais lideranças da organização criminosa.

A tentativa de ocultação da gravação não teve sucesso, e as declarações acabaram sendo usadas como peça central do julgamento, além de deflagrarem o maior racha já registrado na cúpula do PCC.

*Sob supervisão de Carolina Figueiredo

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