O PL (Partido Liberal) decidiu utilizar uma imagem de papelão em tamanho real do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha eleitoral de 2026, estratégia que surge como alternativa à impossibilidade de sua participação presencial, já que ele está atualmente preso. Segundo análise de Pedro Venceslau, no CNN Arena, a medida é arriscada e demonstra falta de planejamento do partido, que não se preparou adequadamente para um cenário sem Bolsonaro.
A utilização de imagens de papelão apresenta riscos consideráveis para a estratégia política do partido. O principal problema é a impossibilidade de controlar quem utilizará essas representações. “Essa estratégia do papelão é bastante arriscada e os bolsonaristas sabem disso porque qualquer candidato no Brasil, a qualquer cargo, pode reproduzir uma imagem de papelão de Jair Bolsonaro e dizer que o ex-presidente o apoia”, explica o analista político.
Isso pode gerar confusão entre eleitores e criar dificuldades adicionais para um partido que já enfrenta desafios para chegar a consensos sobre apoios em diferentes localidades. Por exemplo, candidatos sem o apoio oficial de Bolsonaro poderiam aparecer em outdoors ao lado da imagem do ex-presidente ou espalhar tótens com sua figura em convenções partidárias.
Diferentemente do que ocorreu com o PT (Partido dos Trabalhadores) em 2018, quando Lula, antes de ser preso, gravou uma série de mensagens para candidatos aliados que seriam utilizadas em campanhas futuras, o PL não adotou precauções semelhantes com Bolsonaro.
Espólio político em disputa
Outro ponto crucial neste cenário é a indefinição sobre quem será o condutor do espólio político de Bolsonaro. O partido ainda não definiu claramente se o porta-voz será o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) ou outro nome, o que pode gerar confusão nas articulações políticas.
Além disso, questiona-se qual será o real tamanho desse capital político daqui para frente. “Certamente o Jair Bolsonaro de 2026 não é o mesmo de 2022. O nome Jair Bolsonaro não tem o mesmo impacto que tinha em 2018, quando ele era a grande novidade, o outsider da eleição”, avalia o analista.
A prisão de um ex-presidente causa reflexos na sociedade, podendo afastar eleitores mais moderados que votavam em Bolsonaro por antipetismo, mas que agora podem buscar outros nomes. Essa perda de poder político durante o período de prisão é um fenômeno que transcende posições ideológicas e afeta a capacidade de articulação política de qualquer liderança.

