Os Estados Unidos intensificaram a pressão contra a Venezuela ao implementar um cerco aos navios petroleiros do país, permitindo apenas que embarcações ligadas à petrolífera americana Chevron naveguem em águas venezuelanas.
A medida foi anunciada em meio a crescentes tensões entre os dois países enquanto o presidente americano Donald Trump declarou que não descarta a possibilidade de guerra com o país sul-americano.
O bloqueio naval não oficial visa estrangular a principal fonte de receita da Venezuela, impedindo a exportação de petróleo para mercados internacionais. Essa estratégia representa uma escalada significativa nas sanções americanas contra o regime de Nicolás Maduro, que já enfrenta diversas restrições econômicas há anos.
A disputa entre os dois líderes ganhou contornos mais agressivos nas últimas semanas. Trump acusou a Venezuela de “roubar o petróleo venezuelano”, enquanto Maduro afirmou que os Estados Unidos estão interessados em se apropriar dos recursos naturais do país.
A troca de acusações remonta a 2006, quando Hugo Chávez nacionalizou campos petrolíferos na bacia do Orinoco, considerada a maior reserva de petróleo do mundo.
Interesse estratégico no petróleo venezuelano
A Venezuela possui aproximadamente 200 bilhões de barris de petróleo em reservas comprovadas, a maior reserva do planeta.
O petróleo venezuelano é do tipo pesado, complementar ao petróleo leve de xisto que domina a produção americana atual. Analistas apontam que os Estados Unidos têm interesse nesse recurso porque suas refinarias para petróleo pesado estão parcialmente ociosas.
A atual produção venezuelana, estimada em cerca de um milhão de barris por dia, representa apenas um terço do que o país produzia antes do início do regime chavista em 1999, e menos da metade do volume anterior à ascensão de Maduro ao poder em 2013.
Recentemente, o Departamento de Estado americano teria sondado empresas petrolíferas sobre possível interesse na exploração do petróleo venezuelano, segundo reportagem do site Politico.
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1 de 7O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa durante uma cerimônia militar que comemora o bicentenário da entrega da “Espada do Peru” ao herói da independência venezuelana, Simón Bolívar, em 25 de novembro de 2025, em Caracas, Venezuela • Jesus Vargas/Getty Images
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2 de 7Ditador Nicolás Maduro, da Venezuela, faz um coração com as mãos durante um protesto em apoio a ele em 1 de dezembro de 2025, em Caracas, Venezuela • Jesus Vargas/Getty Images
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3 de 7O presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, cumprimenta seus apoiadores durante um comício para comemorar o Dia da Resistência Indígena, em 12 de outubro de 2025, em Caracas, Venezuela • Jesus Vargas/Getty Images
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4 de 7O presidente Nicolás Maduro observa durante uma coletiva de imprensa após depor perante a câmara eleitoral na sede principal do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), em 2 de agosto de 2024, no Palácio Presidencial de Miraflores, em Caracas, Venezuela • Jesus Vargas/Getty Images
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5 de 7O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de uma manifestação para comemorar o 22º aniversário da tentativa de golpe de Estado contra Hugo Chávez, em 13 de abril de 2024, em Caracas, Venezuela • Jesus Vargas/Getty Images
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6 de 7O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa durante a cerimônia de posse em 10 de janeiro de 2025, em Caracas, Venezuela • (Foto de Jesus Vargas/Getty Images
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7 de 7Ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante cerimônia de posse para um terceiro mandato no cargo em Caracas 10/01/2025 • REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria
Objetivos geopolíticos além do petróleo
A estratégia americana contra a Venezuela também possui componentes geopolíticos significativos, segundo analistas da CNN.
Existe a percepção entre setores do governo americano de que derrubar o regime de Maduro enfraqueceria a influência da esquerda na América Latina e poderia desestabilizar o regime cubano, altamente dependente do petróleo venezuelano.
A Venezuela ocupa uma posição estratégica no Caribe, próxima ao Canal do Panamá, rota crucial para o comércio internacional.
Além do petróleo, o país é rico em outros recursos naturais como ouro e minerais críticos para novas tecnologias, aumentando seu valor estratégico aos olhos dos Estados Unidos, que consideram a América Latina como sua área tradicional de influência.
Analistas apontam que, embora Trump possa hesitar em envolver tropas americanas em um novo conflito devido à resistência da opinião pública doméstica, outras formas de pressão militar como ataques pontuais não estão descartadas.
A incerteza sobre os próximos passos de ambos os lados mantém a região em estado de alerta, com a possibilidade de uma escalada do conflito nos próximos meses.

