Eu sempre acho legal quando um filme decide virar um jogo de videogame. E sempre acho curiosa a experiência de “rever” o filme no controle aparente da história. É a chance que a gente tem de revisitar um roteiro já conhecido, mas com a possibilidade de interferir na história, de recontar alguns trechos com novos detalhes, trilhando novos caminhos.
Imagina o quão legal é poder fazer isso com a sequência do filme que até hoje tem o título de a maior bilheteria da história do cinema. O que está chegando agora nas salas de projeção aqui no Brasil é “Avatar: Fogo e Cinzas”, o terceiro filme da saga. E, praticamente ao mesmo tempo, uma das maiores produtoras de games do mundo tá fazendo um lançamento com uma estratégia simpática… A Ubisoft quer que você saia da sala de cinema e vá direto pra sala da sua casa jogar algo próximo do que você acabou de assistir.
Para entender em detalhes essa estratégia quase de “venda casada” eu fui até Los Angeles, conhecer os estúdios da Lighstorm, a produtora de conteúdo gigantesca do James Cameron, que, além de “Avatar”, fez também “Titanic”, “Exterminador do Futuro”, “Alien” e outros títulos que certamente você assistiu ou, no mínimo, já ouviu falar bastante.
Quase nada do que eu vivi ali pôde ser gravado, fotografado ou postado, mas, o que deu para perceber bem nessa vivência, é que a história mais recente de “Avatar” é mais do que uma saga cinematográfica: é um ecossistema de entretenimento.
O cinema entende o jogo e vice-versa
Durante a visita, o que mais me chamou atenção foi a integração criativa entre cinema e games. A gente não está falando necessariamente só de um “produto licenciado”, feito às pressas pra aproveitar o hype do filme. O que a Ubisoft está lançando agora é a expansão de um jogo que já existe há dois anos, o “Avatar: Frontiers of Pandora”. Mas é quase que um título novo, uma continuação enorme, diretamente inspirada em Fogo e Cinzas, ampliando a narrativa e aprofundando o universo que está fresco no cinema.
A proposta é tão simples quanto ambiciosa: permitir que o jogador continue em Pandora, aquela terra absurdamente linda com montanhas flutuantes, fauna e flora que brilham no escuro, mas agora com um enredo todo novo, novos e gigantescos territórios e mais um inimigo a ser combatido. É nesse novo filme (e nessa expansão do jogo) que a gente vai conhecer o povo das cinzas. São seres caçadores, assassinos e extremamente violentos, como me disseram os próprios produtores do estúdio.
Foi num anfiteatro do tamanho de uma sala de cinema de shopping, dentro da Lighstorm , em Los Angeles, que eu fui convidado com um grupo de produtores de conteúdo do mundo todo a assistir um trecho grande do novo filme, mais de 13 minutos de exibição. A experiência manteve os óculos 3D que trouxeram o hype dessa tecnologia no primeiro filme da saga, lá em 2009. Depois, a gente conversou com os produtores tanto da Lighstorm, para falar sobre o filme, quanto da Ubisoft, pra trazer as conexões com o jogo.
Depois disso, eu tive a oportunidade de ficar coisa de 40 minutos testando a expansão do jogo e, de verdade, eu curti demais! Se você não conhece a Ubisoft, ela é uma das maiores produtoras de games do mundo e responsável por títulos que trazem o primor gráfico em primeiro plano. São nomes como Assassin’s Creed, Watch Dogs, Far Cry e Rainbow Six, só para citar alguns.
No game, você pode escolher se joga em primeira ou terceira pessoa. Pra quem não sabe, primeira pessoa é quando a gente só enxerga as mãos do personagem, como se a sua visão fosse a do protagonista. Visão em terceira pessoa é quando a gente controla o personagem enxergando ele por inteiro na tela. Eu achei o jogo um pouco difícil para os meus padrões, mas extremamente dinâmico. Os gráficos tão bem impressionantes, principalmente os detalhes das florestas e as cenas de ação. Eu poderia facilmente ter ficado ali horas testando a expansão do jogo.
Por que que esse lançamento conjunto faz tanto sentido agora
A estratégia conversa diretamente com o tamanho e a força da indústria de games hoje. Globalmente, o setor já movimenta bilhões por ano: US$ 190 bilhões vindos de bilhões de jogadores ativos (sim, bilhões com B de bola). No Brasil, percentualmente, o cenário é ainda mais absurdo: mais de 80% dos brasileiros consomem jogos digitais.
Não é exagero dizer que o Brasil já tá bem consolidado como o maior mercado de games da América Latina e um dos mais relevantes do mundo. Ignorar isso, pra uma franquia do tamanho de Avatar, seria desperdiçar tempo, audiência e conversa cultural que vira faturamento.
O jogo como extensão da narrativa
No contato que eu tive ali com os desenvolvedores e com tudo o que eu vi ficou claro que o jogo tá apostando em algo que o cinema não consegue entregar sozinho: muito mais tempo de imersão. Enquanto o filme condensa emoção em algumas horas, o game oferece dezenas delas — com exploração em mundo aberto (com várias opções de caminhos), escolhas e liberdade.
A Ubisoft reforça essa ambição quando trata a expansão não como conteúdo secundário, mas como parte viva do universo “Avatar”. É uma resposta direta a um público que não quer só assistir histórias, mas participar delas.
No fim das contas, é sobre onde você passa seu tempo
Desde 2009, no lançamento do primeiro filme da saga, muita coisa mudou no entretenimento. Hoje, grandes franquias tão disputando atenção com feeds, streaming e notificações. Apostar no videogame não é tendência — é sobrevivência cultural.
“Avatar: Fogo e Cinzas” está chegando no cinema prometendo mais um espetáculo visual. Mas é no controle, explorando Pandora por conta própria, que muita gente vai perceber como essa história foi pensada pra durar bem mais do que o tempo de comer um baldão de pipoca.
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