Principal causa de fraturas após os 50 anos, a osteoporose deve avançar de forma significativa nas próximas décadas, impulsionada pelo envelhecimento populacional, por hábitos de vida inadequados e pelo maior número de diagnósticos. A Fundação Internacional de Osteoporose (IOF, na sigla em inglês) estima que uma em cada três mulheres e um a cada cinco homens acima dos 50 anos sofrerão fraturas relacionadas à doença. Até 2050, a projeção é de que os casos aumentem 54% entre pessoas com mais de 50 anos e 32% entre aquelas acima dos 70.
A tendência de crescimento também é observada no Brasil. “A estimativa é de que cerca de 10 milhões de brasileiros convivam com a osteoporose. Esse número tende a crescer, acompanhando o rápido envelhecimento da população”, analisa a reumatologista Vera Lucia Szejnfeld, membro da Comissão de Doenças Osteometabólicas e Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
“Hoje, o país já tem mais de 33 milhões de pessoas com 60 anos ou mais e as projeções indicam que, até 2030, esse grupo ultrapassará 40 milhões.”
Essa curva ascendente não se explica apenas pelo envelhecimento populacional, mas também pela melhoria no diagnóstico. O aumento da conscientização sobre a doença e da educação médica continuada tem permitido identificar casos antes despercebidos.
Leia também
-
Além do leite: o que comer e beber para prevenir a osteoporose
-
Três chás que fortalecem os ossos e ajudam a prevenir a osteoporose
-
Uso de Ozempic pode levar à perda óssea e osteoporose? Entenda riscos
-
Atividade queima muitas calorias e ainda previne a osteoporose; veja
Fatores associados ao estilo de vida — como sedentarismo, deficiência de cálcio e vitamina D e maior prevalência de doenças crônicas — também influenciam. “O relatório da IOF aponta que, no Brasil, ocorrem cerca de 400 mil fraturas por fragilidade a cada ano, e que, se nada mudar, esse número pode aumentar em até 60% até 2030. Ou seja, a osteoporose e suas complicações já representam um grande desafio de saúde pública, exigindo cada vez mais atenção a prevenção, diagnóstico e tratamento”, observa Szejnfeld.
Cuidados com a osteoporose desde a infância
Embora seja silenciosa nas fases iniciais, a doença só costuma dar sinais quando já está avançada, muitas vezes após fraturas provocadas por esforços mínimos — desde pequenas quedas até movimentos banais, como um espirro. Mas os cuidados devem começar muito antes, ainda na infância.
Até os 30 anos de idade, o organismo está em sua fase mais intensa de formação óssea, acumulando minerais e construindo o chamado “banco de ossos”, que servirá de reserva para toda a vida adulta. A partir desse período, inicia-se um declínio natural da massa óssea.
Nas mulheres, essa perda se acelera de maneira acentuada após a menopausa, quando a queda dos hormônios femininos aumenta a atividade das células responsáveis pela reabsorção dos ossos (osteoclastos), enquanto as células que produzem tecido ósseo novo (osteoblastos) não conseguem compensar o ritmo acelerado de desgaste.
“Sem reposição hormonal, estima-se que até 25% das mulheres podem apresentar perda significativa de densidade óssea, e em até 10 anos podem perder cerca de 30% desse material, o que eleva muito o risco de fraturas”, destaca Szejnfeld.
A genética também tem um peso importante: cerca de 80% do pico de massa óssea é herdado. Mas os outros 20% dependem diretamente do estilo de vida. “Ao longo da vida é importante praticar atividades físicas regulares, especialmente as de força e que levam a impacto, como musculação e caminhada, além de tomar sol, ter uma alimentação rica em cálcio e vitamina D conforme a idade”, orienta o ortopedista Sandro Reginaldo, coordenador da Ortopedia do Einstein Hospital Israelita em Goiânia.
Evitar fatores de risco também é essencial, o que inclui não fumar, não beber álcool em excesso e não consumir com frequência medicações que aceleram a perda óssea, como corticoides, sem orientação médica.
Além dos cuidados preventivos, exames são fundamentais para identificar a condição precocemente. A densitometria óssea e o FRAX, ferramenta que calcula o risco de fraturas por osteoporose, ajudam a direcionar o tratamento, especialmente quando surgem sinais de alerta, como perda acelerada de estatura e alterações posturais.
“No que diz respeito ao tratamento, a escolha do medicamento deve ser considerada conforme histórico de fraturas, resultado de exames, comorbidades, risco cardiovascular, além dos custos”, destaca Reginaldo.
Pacientes com osteoporose sem fraturas ou com osteopenia (fase inicial de perda óssea, que já eleva o risco de lesões) normalmente recebem medicamentos que reduzem a reabsorção óssea e evitam fraturas futuras. Mas, quando elas ocorrem (as mais comuns são em punhos, vértebras e fêmur), colocam o paciente em uma categoria de alto risco.
Nesses casos, o tratamento inclui remédios anabólicos, que estimulam a formação de tecido ósseo novo. Eles funcionam como uma espécie de “fundação” para reforçar a estrutura do esqueleto antes de iniciar terapias destinadas à manutenção da massa óssea. “No Brasil, estimativas recentes apontam centenas de milhares de fraturas por fragilidade e uma quantidade elevada de subtratamento, o que é um grande risco e um ponto que precisa de muita atenção”, alerta o ortopedista Adriano Passaglia Esperidião, também do Einstein Goiânia.
Fonte: Metrópoles

