O fim de ano é marcado por encontros e festas em que a comida ocupa um papel central nas celebrações. Nesse contexto, crianças e idosos pedem um olhar mais atento. As necessidades nutricionais, as limitações do organismo e até o risco de acidentes tornam a ceia um momento que exige cuidados para garantir segurança e bem-estar.
Quando há crianças à mesa, alguns alimentos merecem vigilância redobrada. A nutricionista Maria Emilia Suplicy, do Hospital Pequeno Príncipe, explica que preparações muito gordurosas ou salgadas não são as mais indicadas.
“Em crianças menores, o principal cuidado é com alimentos que oferecem risco de engasgo, como castanhas, amendoim, uvas inteiras e azeitonas”, alerta. Ela também chama atenção para alimentos crus ou mal cozidos, como ovos crus, sushi e sashimi, que aumentam o risco de contaminação.
O pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria, acrescenta que bebidas alcoólicas também exigem atenção. “Bebidas alcoólicas devem ficar fora do alcance das crianças”, ressalta.
Segundo ele, os embutidos são outro ponto de cuidado por causa do excesso de sal. “Criança pequena não deve consumir açúcar, especialmente abaixo dos dois anos, e o sal precisa ser muito controlado”, alerta.
Digestão muda com a idade
Além do tipo de alimento, o funcionamento do organismo influencia a forma como crianças e idosos lidam com a ceia. Maria Emilia explica que o sistema digestivo infantil ainda está em amadurecimento.
“Excessos de gordura e açúcar podem causar desconforto, diarreia ou prisão de ventre, porque o organismo da criança não tolera exageros como o de um adulto”, lembra.
Nelson observa que essa tolerância aumenta com o crescimento, mas não é imediata. Até os dois anos, alimentos fritos e muito gordurosos não devem ser oferecidos. “A digestão vai evoluindo conforme a idade”, explica o pediatra.
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Entre os idosos, o clínico geral e geriatra Natan Chehter, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e professor da Universidade Cidade de São Paulo, explica que o envelhecimento costuma tornar a digestão mais lenta.
“Alimentos pesados demoram mais para ser processados e, em excesso, podem causar indigestão”, afirma.
Ele ressalta que as restrições variam mais conforme as condições de saúde do que pela idade em si. “Hipertensos precisam reduzir o sal, diabéticos devem evitar açúcar, e quem tem colesterol alto deve ter cuidado com gorduras”, diz.
Como reduzir riscos à saúde?
Para diminuir a chance de engasgos e problemas gastrointestinais, Maria Emilia orienta atenção especial ao preparo dos alimentos e ao tamanho das porções. “Picar castanhas, cortar uvas e tomates ao meio e ajustar a quantidade servida já reduz bastante o risco”, explica.
Ela também destaca a importância de observar a procedência dos alimentos e manter o armazenamento adequado até o momento do consumo, especialmente em dias de calor e mesas que ficam montadas por mais tempo.
Entre os idosos, o consumo de bebidas alcoólicas pede cuidado extra. Natan lembra que, além de dificultar a digestão, o álcool pode interferir na ação de medicamentos. “Muitas restrições estão mais relacionadas ao tratamento de saúde em curso do que à idade em si”, afirma.
Para tornar a ceia mais equilibrada sem perder o clima festivo, a pediatra sugere adaptações simples. Acrescentar cenoura ralada ou repolho roxo ao arroz, por exemplo, deixa o prato mais colorido e atrativo. “O uso de temperos naturais ajuda a reduzir o sal, e sobremesas à base de frutas, para crianças acima de dois anos, garantem sabor com mais segurança”, orienta.
Fonte: Metrópoles

