O Comitê Norueguês do Prêmio Nobel confirmou à CNN Brasil que María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, vai viajar para Oslo, na Noruega, para receber o Prêmio Nobel da Paz.
A cerimônia acontece no dia 10 de dezembro, no aniversário da morte do industrial sueco Alfred Nobel, que fundou a premiação em seu testamento de 1895.
María Corina conversou com o comitê na noite de sexta-feira (5) e confirmou a viagem, sem fornecer detalhes de quando chega e como vai se deslocar ao país. Machado foi proibida de sair da Venezuela sem autorização judicial em 2014, sob alegações de conspiração e tentativas de desestabilização no país.
O anúncio de que a líder da oposição venezuelana venceu o Nobel da Paz aconteceu em outubro. Segundo o comitê, ela venceu “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
A opositora, que tem lutado por eleições livres e um governo representativo, teve a candidatura para as eleições presidenciais de 2024 barrada pelo Supremo Tribunal local e não pôde concorrer.
Em 2023, ela foi impedida de exercer cargos públicos na Venezuela por 15 anos por “erros e omissões em suas declarações juramentadas de bens”, segundo a Controladoria-Geral da República do país.
Desde as eleições presidenciais de julho do ano passado e posterior ameaças do regime de Nicolás Maduro, não se sabe onde Machado está escondida. A líder opositora, que garante que continua na Venezuela, corre o risco de não poder voltar se for a Oslo.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse que María Corina seria considerada foragida se fosse.
Na sexta-feira (5), a opositora publicou um vídeo nas redes sociais convocando pessoas de todo o mundo a marcharem neste sábado (6) pela “paz e liberdade” na Venezuela. Ela afirmou que manifestações ocorreriam em 80 cidades em mais de 20 países.
Pelo menos três presidentes da direita da América Latina confirmaram que estarão presentes na entrega do Prêmio Nobel da Paz no dia 10 de dezembro, a convite de María Corina. São eles o presidente do Equador, Daniel Noboa, o do Panamá, José Raúl Mulino, e o do Paraguai, Santiago Peña.
A entrega do Nobel da Paz acontece em meio às tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu que pode atacar cartéis no país caribenho por terra “muito em breve”.
Desde setembro, pelo menos 87 pessoas foram mortas em ataques americanos contra barcos suspeitos de transportar drogas no Caribe e no Pacífico.