O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta quarta-feira (10/12), que o plano de reestruturação dos Correios envolve a possibilidade de oferta de produtos financeiros como previdência e seguros. A empresa estatal passa por uma grave crise financeira e precisa de ao menos R$ 6 bilhões neste ano para quitar dívidas.
A jornalistas no Ministério da Fazenda, o ministro voltou a refutar a possibilidade de privatização da companhia. Haddad considera que nos países onde esse serviço foi feito, as empresas privadas ficaram com a melhor parte e a pública com o “osso”, ou seja, a parte não lucrativa da atividade.
“Isso, em geral, envolveu agregar outros produtos ao serviço postal, sobretudo produtos de natureza financeira, às vezes questão de previdência, seguro. Esse é o modelo. O plano de reestruturação que os Correios estão apresentando vai explorar essas possibilidades”, adiantou Haddad.
Apenas até setembro deste ano, o prejuízo acumulado dos Correios é de R$ 6,1 bilhões. Para o socorro financeiro, o governo trabalha com duas possibilidades: empréstimo ou aporte do Tesouro Nacional.
A primeira negociação com bancos para um empréstimo aos Correios foi frustrada. A operação de crédito no valor de R$ 20 bilhões depende de aval do Tesouro Nacional. No entanto, a instituição rejeitou conceder garantia no último dia 2/12.
A possibilidade de empréstimo ou a de aporte do Tesouro dependem de um plano de reestruturação para equilibrar as finanças. O ministro do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem preferência pelo empréstimo.
“O que nós queremos é o aval do Tesouro Nacional mediante um plano de reestruturação sério. Não queremos ter de novo uma surpresa”, disse Haddad.
Por causa do déficit dos Correios, o governo federal apertou os cintos para fechar as contas públicas dentro da meta, que é de déficit zero, mas com tolerância de até R$ 31 bilhões. O resultado foi um contingenciamento de R$ 3,3 bilhões no Orçamento da máquina pública.
Devedor contumaz
Na fala aos jornalistas, Haddad ainda comentou sobre a aprovação, na terça, do Projeto de Lei (PL) do devedor contumaz, que cria regras e punições para empresas que sonegam impostos de forma reiterada e proposital.
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“No médio prazo vai ter um impacto importante, tanto para os estados produtores, São Paulo e Rio, muito afetados pela atividade ilegal. Então, são os estados que realmente vão se beneficiar rapidamente”, considera o ministro.
Como o projeto já havia sido aprovado pelo Senado em setembro, e não houve alteração pelos deputados, o texto segue diretamente para a sanção do presidente Lula.
Fonte: Metrópoles
