A divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, prevista para esta quarta-feira (10/12), deve aumentar a pressão sobre o Banco Central (BC) para iniciar um ciclo de cortes na taxa Selic já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para o mesmo dia.
A tendência de arrefecimento da inflação, somada à desaceleração da atividade econômica, tem alimentado expectativas de que o BC poderá, enfim, reduzir os juros após meses de manutenção em patamar elevado.
Além disso, o Federal Reserve (FED), banco central americano, também deve decidir a taxa de juros, no que o mercado financeiro chama de “super quarta”, quando as decisões das duas autoridades monetárias acontecem no mesmo dia. A depender do resultado nos EUA, o BC também pode ser pressionado no Brasil.
Nas últimas leituras, o índice oficial de preços mostrou perda de força. Em outubro, o IPCA acumulado em 12 meses caiu para 4,68%, abaixo dos 5,17% registrados em setembro, resultado que surpreendeu o mercado.
A mudança da bandeira tarifária na conta de luz e a desaceleração de alimentos e bens industriais contribuíram para o movimento, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A depender da leitura de novembro, analistas acreditam que o BC terá argumentos adicionais para flexibilizar a política monetária.
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Mesmo com a inflação em trajetória mais benigna, o Copom manteve a Selic em 15% ao ano na última decisão, alegando que ainda eram necessárias “confiança e segurança” no processo de convergência da inflação para a meta.
O Comitê também citou a incerteza fiscal e os efeitos defasados da política monetária como motivos para cautela. No entanto, diretores do próprio BC têm indicado, nas últimas semanas, que o próximo movimento tende a ser de queda na taxa básica, desde que os novos dados confirmem o cenário de desaceleração dos preços.
No entanto, a comunicação da autoridade monetária não dá indicações de quando isso deve acontecer.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que os diretores da autarquia não estão satisfeitos com a atual taxa de juros e nem com as desancoragens da das expectativas, no entanto, ele explicou que o BC se guia por dados e que não vê espaço para flexibilização monetária em um horizonte próximo.
A última comunicação do Copom fala na manutenção da taxa de juros por um “período bastante prolongado”.
Entenda o que é a Selic, que será divulgada nesta quarta
- A Selic é a taxa básica de juros do país e serve como referência para todas as demais taxas, como empréstimos, financiamentos, investimentos e crédito em geral.
- É divulgada pelo Copom a cada 45 dias, o comitê decide se mantém, sobe ou reduz a Selic, conforme o andamento da inflação e da economia.
- Quando a Selic sobe, crédito fica mais caro e o consumo desacelera; quando cai, empréstimos ficam mais baratos e a economia ganha fôlego.
- Juros mais altos ajudam a conter a alta de preços; juros mais baixos estimulam a economia, mas podem pressionar a inflação.
- Títulos públicos, renda fixa e aplicações atreladas ao CDI se movem conforme a Selic, ou seja, quanto maior a taxa, maior o retorno desses investimentos.
Outro fator que pesa sobre a discussão é o quadro econômico mais fraco. Indicadores de consumo, crédito e produção industrial mostram sinais de arrefecimento, reforçando a necessidade de estímulo monetário para reativar a economia em 2025.
A taxa de juros real, uma das mais altas do mundo, também é apontada por empresários e economistas como obstáculo ao investimento e à geração de empregos.



Yanka Romão/Arte Metrópoles
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Para o governo, um corte na Selic seria bem-vindo. A equipe econômica argumenta que a inflação está sob controle e que há espaço para reduzir os juros sem comprometer a meta de preços. O Ministério da Fazenda também espera que a flexibilização ajude a aliviar o custo da dívida pública e impulsione o crescimento no próximo ano.
O mercado financeiro, por sua vez, trabalha com duas possibilidades, uma redução já na reunião desta quarta-feira ou um primeiro corte só no início de 2026, caso o BC avalie que ainda é preciso aguardar mais sinais da economia.
A leitura do IPCA de novembro, portanto, será crucial. Caso mostre continuidade na desaceleração da inflação, aumentará a pressão para que o Copom dê o primeiro passo e comece a afrouxar a política monetária.
Fonte: Metrópoles




