Endocrinologista explica como o Wegovy pode reduzir gordura no fígado

O Wegovy, medicamento indicado para o tratamento da obesidade, tem sido cada vez mais associado a benefícios que vão além da perda de peso. Esse conjunto de evidências levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorizar o uso do remédio também no tratamento da gordura no fígado.

A decisão se baseia em estudos que apontam a capacidade da semaglutida, princípio ativo do Wegovy, de reduzir a inflamação hepática e melhorar a fibrose. A nova indicação contempla adultos com gordura no fígado associada à disfunção metabólica, condição conhecida como MASH, em estágios moderados a avançados da doença, ainda sem cirrose.

Evidências que embasaram a decisão

Os dados analisados pela Anvisa vêm do estudo Essence, de fase 3, que acompanhou mais de 1,2 mil pacientes por até 240 semanas. Os participantes receberam semaglutida ou placebo, além do tratamento padrão, e o grupo que utilizou o medicamento apresentou taxas mais altas de reversão da inflamação hepática e melhora do grau de fibrose.

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Para o endocrinologista André Camara de Oliveira, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia em São Paulo (SBEM-SP), o efeito do Wegovy no fígado está diretamente ligado às mudanças metabólicas provocadas pelo medicamento.

“De forma prática, o Wegovy reduz a gordura no fígado porque diminui a fome e a ingestão calórica, o que leva à perda de gordura visceral, aquela que mais libera ácidos graxos para o fígado”, explica.

Com menos gordura chegando ao órgão, há redução dos triglicerídeos acumulados nas células hepáticas e queda do estresse metabólico que sustenta o processo inflamatório. Segundo o especialista, os efeitos vão além do emagrecimento.

“O medicamento também costuma melhorar a resistência à insulina, a glicemia e o perfil de lipídios, reduzindo a lipotoxicidade e os sinais inflamatórios que agravam a MASH”, afirma.

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No início, as manifestações costumam ser inespecíficas, como cansaço, fraqueza, perda de apetite, náuseas, sensação de inchaço abdominal ou desconforto do lado direito do abdome

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Impacto da gordura no fígado

A gordura no fígado atinge ao menos 30% da população global e, na maioria dos casos, está relacionada a hábitos alimentares inadequados e ao sedentarismo. O consumo excessivo de álcool também é um fator conhecido, embora não seja a principal causa nos quadros de origem metabólica.

Além de aumentar o risco cardiovascular, a doença pode levar à cirrose e ao câncer de fígado. Em fases avançadas, o transplante hepático se torna a única alternativa terapêutica, muitas vezes após anos sem diagnóstico.

“Por não causar sintomas, muitos pacientes não buscam ajuda. É uma epidemia silenciosa que precisa ser enfrentada. Cerca de 25% das pessoas com esteatose evoluem para hepatite por gordura e, depois, para fibrose ou cirrose”, alerta Bianca Della Guardia, hepatologista e coordenadora clínica do Transplante de Fígado da Rede D’Or.

Quem pode se beneficiar do tratamento?

Segundo Camara, os pacientes que mais tendem a se beneficiar do Wegovy são aqueles com doença hepática gordurosa de causa metabólica e maior risco de progressão. Esse grupo inclui pessoas com obesidade ou sobrepeso associadas à diabetes tipo 2, pré-diabetes, alterações do colesterol ou hipertensão.

O endocrinologista ressalta, no entanto, que o medicamento não é indicado para quadros leves e de baixo risco sem um plano consistente de mudança de estilo de vida. O uso também deve ser evitado em situações específicas, como cirrose descompensada, gravidez, histórico de pancreatite ou outras contraindicações já conhecidas da semaglutida.

Mesmo com a nova indicação aprovada pela Anvisa, o tratamento não dispensa ajustes no dia a dia. “O Wegovy faz parte de uma abordagem combinada. Alimentação adequada, atividade física, sono de qualidade, controle do consumo de álcool e das doenças metabólicas são fundamentais para manter os resultados no longo prazo”, afirma. Segundo ele, sem essas medidas, o risco de perda de resposta ao medicamento e de piora do quadro hepático permanece alto.



Fonte: Metrópoles

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