Entenda a visão de Trump sobre papel dos EUA nas Américas em três pontos

Na primeira Estratégia de Segurança Nacional de seu segundo mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, definiu uma “restauração” da Doutrina Monroe como norte para guiar as ações do país nas Américas – em especial na América Latina e no Caribe.

Na visão de Trump, os EUA devem buscar aliados na região tanto para conter fluxos de drogas e de imigração de indocumentados para o Norte, como para afastar influências econômicas de fora do continente – em referência à China.

A Doutrina Monroe foi criada em 1823, no governo de James Monroe, em um momento em que a região estabelecia seus estados independentes. O paradigma ajudou a formar a proeminência dos EUA no continente a partir da diretriz de que os americanos deveriam agir para blindar as Américas de novas colonizações europeias.

Entenda o “Corolário Trump” para as Américas em três pontos:

Cultivando aliados

O presidente americano fala em “recompensar” e “incentivar” os “governos, partidos políticos e movimentos” da região que estejam “amplamente alinhados” com os “princípios e estratégias” dos Estados Unidos.

“Mas não devemos ignorar governos com perspectivas diferentes, com os quais, ainda assim, compartilhamos interesses e que desejam trabalhar conosco”, acrescenta o documento.

Nas últimas semanas, o governo Trump vem buscando aliados no Caribe em meio a uma ofensiva de caráter militar que visaria o tráfico de drogas na região – com foco especialmente na Venezuela e no presidente do país, Nicolás Maduro.

Para tanto, os Estados Unidos têm recorrido tanto a acordos – como o com a República Dominicana, para o uso de uma base áerea militar -, como a declarações de apoio de Trump a candidatos em eleições presidenciais – como em Honduras, com o presidenciável conservador Nasry “Tito” Nasfura.

Nesta semana, durante ligação, Trump e o presidente Lula (PT) também trataram do combate ao crime organizado, ainda que estejam em campos políticos opostos. Na ocasião, ambos conversaram sobre cooperação internacional para “asfixiar financeiramente” grupos criminosos.

Expansão econômica

As “recompensas” e “incentivos” a aliados dos Estados Unidos na região viriam por relações comerciais e investimentos americanos, segundo a Nova Estratégia de Segurança Nacional. Para Trump, as Américas são um local de “muitos recursos estratégicos”, que poderiam tornar os EUA, como seus países amigos, “mais prósperos”.

“Os termos de nossas alianças e sob os quais fornecemos qualquer tipo de ajuda devem estar condicionados à redução gradual da influência externa adversária”, pondera, citando questões portuárias como exemplo, em linha com as recentes ações do governo Trump sobre administradores chineses no Canal do Panamá.

Sem citar explicitamente a China, os EUA dizem que há um “armadilha” para países do continente, citando questões como segurança cibernética e créditos sob condições favoráveis que, no fundo, esconderiam interesses geopolíticos maiores.

Trump também coloca que toda a rede de embaixada de Washington deve atuar em colaboração “estreita” com o setor privado dos Estados Unidos, de modo a facilitar o acesso de empresas americanas a “grandes contratos governamentais” na região.

“Devemos fazer todo o possível para expulsar as empresas estrangeiras que constroem infraestrutura na região”, estabelece o documento, citando também a necessidade de mais investimentos americanos em infraestrutura energética, minerais críticos e redes comunicação nos países do continente.

Presença militar

A Nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos sugere que o país deve promover um “reajuste” em sua “presença militar global”, de modo a direcionar mais esforços para as Américas.

Para Trump, os EUA podem recorrer ao “uso letal de força” ao invés de a uma “estratégia fracassada de policiamento” em rotas marítimas para conter ações do narcotráfico.

O governo do republicano já vem tocando ações neste sentido com ataques a barcos no Caribe e no Pacífico, sob alegação de que as embarcações e seus tripulantes estariam ligados ao tráfico de drogas.

Os ataques, que miraram ao menos 22 barcos e deixaram 87 mortos, são contestados tanto dentro como fora dos Estados Unidos e do núcleo de apoiadores de Trump, com acusações de execução extrajudicial e crimes de guerra.

Lucro no Brasil vem de lobby, não de inovação, diz Marcos Lisboa

O economista Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, alertou que o Brasil opera em um “equilíbrio” que estimula o atraso econômico,...

Além de impeachment, Senado avalia mudar regra para indicações ao STF

Após a decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para restringir quem pode denunciar ministros da Corte, senadores pressionam para o...

Cuba busca EUA para tratar de possível Venezuela pós-Maduro, dizem fontes

A tensão entre Estados Unidos e Venezuela levou “elementos dentro do regime cubano” a entrarem em contato com Washington sobre como seria a região...