O Brasil está há cerca de dez meses do dia em que a população precisará escolher seus representantes em nível federal e estadual. Mesmo tendo um longo tempo até lá, bancadas e lideranças já começam suas articulações em torno do evento.
Na última quarta-feira (4), os partidos União Brasil e PP (Progressistas) solicitaram o registro para formação de uma federação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Para valer já no pleito do próximo ano, o pedido deve ser aceito pela Corte até seis meses antes do primeiro turno, marcado para outubro.
Juntas, as duas legendas somam 109 deputados federais e 15 senadores, sendo a maior bancada da Câmara dos Deputados e uma das maiores do Senado Federal.
Veja a quantidade de cadeiras de cada partido na Câmara dos Deputados:
Veja a quantidade de cadeiras de cada partido no Senado
Ainda na quinta-feira (4), o TSE deferiu o pedido de criação da federação Renovação Solidária, formada pelo Solidariedade e pelo PRD (Partido Renovação Democrática).
À CNN Brasil, o cientista político Leandro Consentino analisa que essas junções partidárias acabam trazendo mais força para as legendas do centrão, justamente por serem bancadas enormes.
Isso, de acordo com ele, pode vir a prejudicar o governo federal em aprovação de pautas, assim como no desempenho da eleição de 2026 também.
“O grande impacto é que acaba ficando ‘mais caro’ para o governo fechar acordos para conseguir, de alguma forma, mobilizar as suas agendas legislativas. Por outro lado, está numa facilidade maior de negociar, visto que deixa de ser uma coisa no varejo individualizado e se torna mais tranquilo na negociação no ponto de vista mais amplo”, cita Consentino.
Na mesma linha fala o também cientista político Leonardo Paz Neves: “É muito raro você ter partidos que conseguem chegar a mais de 100 deputados, ou mesmo no Senado, 15 senadores é muito. Então eles vão ter uma capacidade muito forte de fazer pressão contra o Executivo, justamente para atingir seus interesses.”
Para Paz Neves, a superfederação União-PP será “uma potência partidária” que seguirá com “muito mais capacidade de negociação na Câmara, inclusive, para defender interesses”.
No entanto, de acordo com o especialista, no que diz respeito à eleição, é necessário esperar um pouco ainda para visualizar como ficará a composição da direita na disputa, para só então “saber se esse partido, essa superfederação também vai emplacar uma chapa ou não”.
“Fica a dúvida em relação sempre como vai funcionar a disputa entre a direita e a extrema direita em relação em torno do candidato, uma vez que Jair Bolsonaro não pode ser, fica sempre a disputa de quem vai ser o candidato da direita/bolsonarismo.”
Já no caso da federação Renovação Democrática, ele avalia que o caso é diferente, como uma questão de “sobrevivência”.
“Eles estão arriscados a acabar não elegendo ninguém. Quer dizer, não ter colégio de líder, não ter acesso a recurso, entre outras coisas”, finaliza.
Até o momento quatro federações partidárias já foram autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral:
- Federação Brasil da Esperança: PT, PCdoB e PV
- Federação PSDB Cidadania: PSDB e Cidadania
- Federação PSOL-Rede: PSOL e Rede Sustentabilidade
- Federação Renovação Solidária: Solidariedade e PRD