O cantor Lindomar Castilho morreu aos 85 anos, neste sábado (20), e um crime brutal cometido pelo artista no início dos anos 1980 voltou à tona. Na época, ele matou a ex-esposa, a cantora Eliane de Grammont, enquanto ela se apresentava no palco de um café na cidade de São Paulo.
O anúncio da morte do “Rei do Bolero” foi dado pela única filha do ex-casal, Liliane de Grammont, que fez questão de lembrar na carta aberta que o pai matou a mãe dela. “Ao tirar a vida da minha mãe, também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira”, escreveu ela em parte do texto.
Na época do crime, Liliane tinha apenas dois anos de idade, e foi morar com os avós maternos, que eram obrigados pela justiça a receber a visita do assassino da filha. A história completa foi investigada e narrada em detalhes pelo canal Iconografia da História no Youtube.
Na carta aberta publicada no Instagram, a filha não revelou se perdoou ou não o pai, mas deixou claro que torcia muito para que ele tivesse se libertado da masculinidade tóxica.
“Se eu perdoei? Essa resposta não é simples como um sim ou não, ela envolve tudo e todas as camadas das dores e delícias de ser, um ser complexo e em evolução. Diante de tudo isso, desejo que a alma dele se cure, que sua masculinidade tóxica tenha sido transformada.”
Lindomar Castilho deu cinco tiros em Eliane de Grammont
Lindomar Castilho foi casado com Eliane de Grammont entre 1979 e 1981, quem ele conheceu nos corredores da gravadora RCA, e os dois tiveram uma filha, Liliane, quem fez o anúncio da morte dele. O artista sempre se mostrou um homem possessivo e ciumento, o que se agravou ainda mais pelo alcoolismo. O casal passou a viver uma vida conturbada e ela chegou a pedir o desquite após agressões físicas.
Quando os dois já haviam se separado e o cantor estava no topo das paradas, no dia 30 de março de 1981, Lindomar invadiu o bar Belle Époque, em São Paulo, onde a esposa se apresentava, e deu cinco tiros enquanto ela estava ainda no palco.
Eliane cantava a música “João e Maria”, de Chico Buarque, exatamente nos versos “agora era fatal, que o faz de conta terminasse assim”, quando foi atingida pelos tiros. A motivação do crime foi o ciúme que sentia do violonista Carlos Randall, primo de Lindomar, que se apresentava com ela na noite paulistana. Ela morreu a caminho do hospital, aos 26 anos. O cantor tentou fugir, mas foi impedido pelas pessoas que estavam no local.
Carlos Randall, que levou um tiro e sobreviveu, deu uma entrevista ao podcast do jornalista Piunti em 2022, e falou que não se sente apto a perdoar Lindomar. Depois do crime, o violonista precisou se afastar dos palcos para se recompor.
“Você precisa de um tempo para assentar. Você precisa se recompor, a ficha demora para cair, começa a pensar sobre o que poderia ter feito de diferente”, comentou.
O “Rei do Bolero” foi preso em flagrante e condenado, em 1984, por homicídio. Ele ficou em regime fechado até 1986, passou para o semiaberto e ficou livre da prisão em 1996.
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