Idosos sofrem em silêncio: como reconhecer a depressão e ajudar a tempo

Em uma fase marcada por transformações como aposentadoria, perdas afetivas e mudanças de rotina, os idosos enfrentam um inimigo invisível: a depressão. Embora muitas vezes confundida com ‘tristeza da idade’, trata-se de uma condição que compromete a autonomia, a saúde física e a qualidade de vida.

Globalmente, cerca de um terço dos idosos apresenta sintomas depressivos, especialmente em contextos de solidão, luto ou isolamento. No Brasil, segundo a PNS/IBGE, até 13% dos maiores de 60 anos relatam diagnóstico de depressão.

A vulnerabilidade emocional nesse período não surge por acaso. Perdas, afastamento social e mudanças profundas no cotidiano abalam o senso de pertencimento e propósito. O isolamento, voluntário ou não, fragiliza a saúde emocional e reduz o interesse por atividades antes prazerosas. Contudo, os sintomas (tristeza persistente, apatia, alterações de sono e apetite) ainda são atribuídos ao envelhecimento, o que dificulta o diagnóstico.

Com o envelhecimento da população, torna-se urgente dar voz a esse sofrimento silencioso. A saúde mental na terceira idade é uma questão de dignidade. Este texto convida o leitor a reconhecer sinais de depressão, levando informação confiável com empatia, pois o acolhimento é tão essencial quanto o tratamento.

Por que os idosos têm mais risco de depressão?

O envelhecimento traz ganhos importantes, como sabedoria e maturidade emocional, mas também desafios:

  • Isolamento social: aposentadoria, perdas, dificuldade de mobilidade e menor participação em atividades reduzem estímulos emocionais e cognitivos;
  • Luto: perdas repetidas fragilizam profundamente e podem reabrir feridas antigas;
  • Doenças crônicas: diabetes, hipertensão, dor e limitações físicas afetam a percepção de bem-estar;
  • Perda de autonomia: depender de terceiros pode gerar vergonha e sensação de inutilidade;
  • Aposentadoria mal planejada: mudanças bruscas impactam identidade e propósito;
  • Baixo reconhecimento dos sintomas: queixas de cansaço, dores e alterações de sono são confundidas com ‘envelhecimento natural’.

Somam-se a isso preconceitos que minimizam a saúde mental do idoso e atrasam o diagnóstico.

Como identificar sinais que passam despercebidos?

A depressão no idoso costuma ser mais sutil. Muitas mudanças são vistas como “normais”, o que retarda a busca por ajuda. Entre os sinais mais comuns:

  • perda de interesse por atividades antes prazerosas;
  • irritabilidade, choro fácil e frases de desvalorização;
  • lentidão ou agitação;
  • queda no autocuidado;
  • dores sem explicação clínica;
  • alterações de sono e apetite;
  • isolamento progressivo;
  • lentidão no raciocínio ou dificuldade de concentração.

Prevenção, acolhimento e tratamento fazem a diferença

A depressão não é parte natural do envelhecimento. Com diagnóstico precoce e apoio adequado, o idoso pode recuperar autonomia e qualidade de vida. A prevenção começa pela preservação da autonomia, estímulo a atividades prazerosas, cuidado com doenças crônicas, rotina estruturada e fortalecimento dos vínculos, que são o maior protetor emocional dessa fase.

Nenhum tratamento funciona sem acolhimento. Minimizar o sofrimento com frases como ‘é da idade’ rompe a confiança. O idoso deprimido precisa ser ouvido e validado.
O tratamento deve ser individualizado e conduzido por profissionais capacitados. Inclui psicoterapia, intervenções sociais, atividades comunitárias e uso de medicamentos, quando indicado, sempre com supervisão médica e atenção a interações medicamentosas. O trabalho integrado entre médico, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, assistente social e família busca restaurar funcionalidade, autoestima e autonomia.

A depressão no idoso é tratável. Com atenção e acolhimento, é possível transformar sofrimento em alívio e solidão em pertencimento. Envelhecer não significa perder a alegria, mas redescobri-la com novos significados. Cuidar da saúde emocional dos idosos é tão essencial quanto cuidar da saúde física.

*Texto escrito pela geriatra e clínica geral Julianne Pessequillo (CRM 160.834 | RQE 71.895), especializada em longevidade saudável e membro da Brazil Health

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