A cantora Lia Clark, 33, apresentou recentemente “Fenomenal”, quarto álbum de estúdio dela, e usou o projeto como espaço para falar abertamente sobre liberdade, corpo, desejo e identidade.
Em entrevista à CNN, a cantora explicou que a música dela vai além do entretenimento e carrega um posicionamento claro sobre existir sem amarras.
“O meu trabalho como um todo, não só o Fenomenal, é posicionamento político. Sobre liberdade, sobre corpo, sobre nossos desejos, sobre sermos quem somos”, disse Lia Clark à CNN, ao afirmar que intenção é criar um ambiente em que o público consiga se sentir menos pressionado pelos padrões impostos pela sociedade.
Apesar do discurso potente, Lia reforçou que a diversão sempre foi central na trajetória dela. “Eu faço música para a galera se divertir. Eu sempre pontuo isso desde 2016, quando lancei meu primeiro álbum: eu quero que as pessoas me ouçam e se divirtam”.
Segundo a artista, “Fenomenal” nasceu de um momento muito específico da vida dela. Após realizar conquistas que antes pareciam impossíveis, como cantar no Rock in Rio, liderar paradas de streaming e circular por grandes programas de TV, ela sentiu a necessidade de transformar esse sentimento em arte
“Eu estava vivendo o sonho da minha vida e pensei: ‘cara, eu preciso me expressar em relação a isso’”, contou Lia à CNN.
A mudança de sonoridade também foi consciente. Conhecida pelo funk pop, Lia decidiu mergulhar no funk eletrônico, acompanhando a evolução do gênero no Brasil e no mundo. “O funk está crescendo muito e se fundindo com vários estilos”.
Inspirada por nomes como Britney Spears, Madonna e Beyoncé, Lia Clark construiu um disco que mistura referências pop com batidas eletrônicas intensas.
Para ela, “Fenomenal “funciona como um grande clímax emocional. “O álbum chega como um grande fenômeno, que se assemelha ao ápice do tesão. É um lugar onde você não tem controle sobre si.”
Com 13 faixas, o projeto traz colaborações diversas, pensadas para que o disco não ficasse preso a um único tema. Entre os convidados estão MC Carol, Johnny Hooker, MC Mari, MC GW, MC Tha, Hitmaker e Kate da Voz e As Abusadas.
Algumas músicas, segundo Lia, representaram desafios pessoais. “A faixa ‘Disse que Namorada’ com certeza me tirou da zona de conforto”, disse Lia Clark à CNN, ao comentar sobre experimentar uma sonoridade mais romântica sem perder a identidade. Já “Maldade”, com Johnny Hooker, reforça essa mistura entre funk e house.
A faixa-título também ocupa um lugar especial no disco. “Ela traz elementos e uma forma diferente de fazer funk”, afirmou Lia Clark, ao destacar a presença da guitarra, do funk eletrônico e do pop em uma mesma música, além dos versos que refletem o sentimento de afirmação como pioneira no funk LGBTQIAPN+.
Ao revisitar trajetória, a artista relembrou o início de carreira, quando a cena do funk queer ainda não existia como hoje. “Meu segundo verso fala muito sobre admitir que eu sou foda, que eu vim para fazer história”, afirmou.
Lia também falou sobre o preconceito velado que enfrentou ao ocupar espaços tradicionalmente negados a artistas LGBTQIAPN+. “Dava para perceber o desconforto das pessoas com a nossa presença, como se a gente não pertencesse àquele lugar”, disse à CNN. Apesar dos avanços, ela ressaltou que ainda há desigualdade de visibilidade e investimento.
Lia também xplicou como a drag foi essencial para sua autoestima. “Eu comecei a me olhar e me amar quando comecei a me montar”, afirmou, ao contar que o processo artístico a ajudou a se sentir bem com a própria aparência.
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