O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) manteve a taxa Selic em 15% ao ano na última quarta-feira (10), uma decisão já era esperada pelo mercado.
Em julho, o BC elevou a Selic para 15% e, desde então, optou pela manutenção do nível três outras vezes.
Para os economistas consultados pelo CNN Money, o tom do comunicado do BC deu a entender que o primeiro corte vai ser realizado na reunião de março. Há, entretanto, os mais otimistas que acreditam que a próxima reunião do Copom, em janeiro, será a decisiva.
O diferencial de juros entre Brasil e EUA ficou ainda maior, o que tende a ser um fator de atratividade para o chamado “carry trade” — estratégia de investimento que explora a diferença nas taxas de juros entre os países.
Na avaliação de Bruno Perri, economista-chefe da Forum Investimentos, o investidor estrangeiro tem aproveitado esse momento para trazer recursos para o Brasil, usufruindo dos juros altos.
“Este também é um dos fatores, mas não o único, para a valorização relativa do real frente ao dólar”.
Os juros mais baixos nos EUA incentiva a ida dos investidores para outros países, como o Brasil, que foi bem beneficiado neste ano por essa migração. A tendência é que esse movimento se mantenha, mas com um pouco mais de cautela, segundo Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos.
“O dinheiro só vai continuar vindo se o Brasil provar que é um lugar seguro, o investidor estrangeiro não olha apenas o quanto vai ganhar, mas o risco de perder. Muitos países emergentes estão com juros atrativos, se os EUA continuarem cortando os juros em 2026 para reanimar a economia deles, sobrará dinheiro no mundo buscando oportunidades, e o Brasil está bem-posicionado na fila”, avalia.
Onde estão as oportunidades para o investidor brasileiro?
No Brasil, mesmo com a queda dos juros pelo BC no radar, a expectativa é que a Selic ficará acima de dois dígitos ao longo de todo 2026. Na avaliação dos analistas, a renda fixa segue atrativa. A analista de renda fixa da XP Investimentos, Mayara Rodrigues, tem uma visão construtiva para a classe de ativos no próximo ano.
“Com as taxas nominais elevadas e a projeção dos nossos economistas de que a Selic deve cair no ano que vem, títulos prefixados e híbridos tendem a apresentar uma boa performance, tanto na marcação a mercado com ganhos de capital, quanto para quem for ficar com o papel até o vencimento.”
Para Perri, a renda fixa deve permanecer como carro-chefe da maioria dos portfólios e, em especial, dos investidores mais conservadores.
Mas avalia que o cenário é positivo para investir em bolsa, considerando a tendência de valorização do mercado de ações em ciclos de cortes da Selic, reforçando a visão de que a bolsa segue barata.
Patzlaff, planejador financeiro, diz que para o investidor é “muito confortável olhar para a renda fixa e ver o dinheiro rendendo mais de 10% ao ano, garantido, sem grandes emoções”.
Mas também concorda que pode ser o momento de olhar para outras estratégias, como a bolsa, mas com cautela.
“Se esperarmos a Selic cair muito para investir em ações, provavelmente o investidor pagará caro, pois os preços já terão subido, quem entra agora, pega os preços ainda descontado. Se você ficar 100% na renda fixa, daqui a um ou dois anos pode perceber que seu dinheiro está rendendo menos do que você gostaria, e aí será mais difícil buscar uma rentabilidade boa em outras estratégias, como na renda variável.”
Apesar das expectativas com a renda fixa, o planejador financeiro recomenda que o investidor não abandone a segurança da renda fixa.
“Ela ainda é ótima para sua reserva de emergência e objetivos de curto prazo. Mas, aproveite oportunidade, pense nisso como plantar sementes agora para colher frutos quando a economia estiver melhor.”
Higor Rabelo, especialista da Valor Investimentos, afirma que, apesar das oportunidades a vista, todo investidor tem que respeitar o seu perfil — conservador, moderado ou agressivo — e as porcentagens recomendadas dentro de cada classe de ativo, independente do patamar da Selic.
Além do perfil de investidor, Rabelo lembra que 2026 será um ano eleitoral e o cenário pode trazer muito volatilidade para o mercado acionário, o que exige cautela, principalmente entre os investidores iniciantes e mais conservadores.
“É especialmente importante ter atenção com os limites de exposição para cada perfil dado esse cenário eleitoral à frente”.
Fim da escala 6×1: texto aprovado limita jornada em 36 horas; entenda
