A rotina da família Dunion mudou de forma abrupta em novembro, quando Sienna, a caçula, então com 4 anos, perdeu a consciência de forma repentina. Desde então, a criança está desacordada e agora o pai dela convive com a culpa de não ter dado as vacinas à menina por ter acreditado em mentiras sobre os imunizantes.
Gary e Angelina Dunion relatam que a filha caçula ficou inconsciente no dia 19 de novembro, enquanto lutava contra uma gripe. Desde então, Sienna permanece internada em unidade de terapia intensiva em Nottingham, cidade inglesa onde a família vive, sob cuidados contínuos e monitoramento neurológico.
Complicação rara em decorrência da gripe
Após exames detalhados, médicos diagnosticaram encefalite necrosante aguda (ENA), uma condição cerebral rara que é consequência de infecções que causam febre, tendo sido especialmente associada à gripe. A doença é fruto de uma resposta exagerada do sistema imunológico que acaba atacando o tecido cerebral e rapidamente o deteriora.
Além do comprometimento neurológico, Sienna apresentou complicações abdominais severas causadas por ataques da ENA ao sistema digestivo. Exames revelaram vazamento intestinal e níveis elevados de lactato no sangue. Cirurgiões realizaram operação de emergência e removeram 60% do intestino para preservar funções vitais.
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Dias depois, porém, uma nova intervenção cirúrgica foi necessária devido ao acúmulo de ar na cavidade abdominal. A sequência de procedimentos ampliou o tempo de internação e tornou o prognóstico da menina incerto, segundo a equipe médica responsável pelo caso.
“O caminho pela frente é incrivelmente desafiador, e talvez nunca mais tenhamos a Sienna de antes. Devido aos danos cerebrais causados pela ANE, quando Sienna finalmente acordar, ela não conseguirá andar, falar ou comer, e precisará de cuidados neurológicos intensivos”, lamentou o pai em uma campanha de financiamento coletivo para arrecadar fundos para cuidar da menina.



Sienna Dunion teve uma rara complicação da gripe
Reprodução/GoFoundMe
Pai da menina, Gary, lamenta não ter levado as filhas para serem vacinadas
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Menina teve de passar por três cirurgias, perdeu a maior parte do intestino e teve complicações cerebrais
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A família está arrecadando fundos para pagar as terapias da criança para quando ela receber alta
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Medo da vacina vira culpa
Gary Dunion, de 41 anos, afirma sentir culpa por não ter vacinado as filhas contra gripe, mesmo com o imunizante sendo gratuitamente distribuído no Reino Unido. Além da caçula, ele e a esposa, Angelina, são pais de Adriana, de 7 anos. Em entrevista ao The Sun, ele atribuiu a decisão de não imunizá-las após notícias que leu durante a pandemia de Covid-19.
“Não demos a ela a vacina contra a gripe acreditando em relatos negativos compartilhados em redes sociais, e a mensagem mais importante que quero passar aos pais é: vacinem os filhos. Muitos pais acham que seus filhos não vão precisar e têem medo do que estão dando para seus filhos. Não devemos ter”, afirmou.
Sinais iniciais e evolução inesperada
Os primeiros sintomas da ENA costumam incluir febre, congestão nasal, diarreia, tosse ou vômito. Com a progressão, podem surgir convulsões, perda de consciência e dificuldade de coordenação. No caso de Sienna, os sinais iniciais eram semelhantes ao da gripe e os pais seguiram tratando a menina com remédios comuns, apesar da febre alta e indisposição que ela vinha relatando.
Poucos dias antes da internação, a família havia planejado um passeio festivo de Natal. Sienna brincava normalmente, mas vinha reclamando de frio. Horas depois, foi encontrada inconsciente em casa, o que desencadeou uma corrida contra o tempo para levá-la ao hospital.
Quando Sienna acordar, a família calcula que precisará gastar 8 mil libras semanais (aproximadamente R$ 58 mil) com a reabilitação e os cuidados da menina. “Como pai, estava acostumado a resolver qualquer problema das minhas filhas, mas agora só me resta segurar a mão dela e lutar no que me for possível”, lamentou Gary.
Especialistas ressaltam que a condição da menina permanece pouco compreendida e sem protocolo padronizado de tratamento. Não há, por hora, perspectivas de alta para a garota.
Fonte: Metrópoles


