Quem é José Antonio Kast, candidato da ultradireita nas eleições do Chile

No Chile, após não ter conseguido se eleger em duas eleições presidenciais anteriores, o candidato José Antonio Kast agora é o favorito dos analistas para vencer o segundo turno, neste domingo (14).

Esse é um sinal de como suas posições de ultradireita e anti-imigração ganharam uma nova onda de apoio em meio a temores sobre o aumento da criminalidade.

Kast, de 59 anos, ficou logo atrás da favorita do país, a esquerdista Jeannette Jara, no primeiro turno das eleições presidenciais.

Mas, os analistas esperam que ele conquiste a maioria dos votos dos outros três candidatos de direita que não conseguiram se eleger, alguns dos quais o apoiaram ou apareceram ao seu lado durante a apuração dos votos.

Kast perdeu para o presidente de esquerda Gabriel Boric em 2021. Esse foi um momento em que muitas pesquisas mostraram que suas políticas linha-dura estavam em desacordo com o eleitorado, abalado pela pandemia, pelos protestos generalizados contra a desigualdade e pelas esperanças de uma nova Constituição.

Mas agora o sentimento mudou e suas propostas estão encontrando ressonância entre os eleitores, em sua maioria preocupados com a criminalidade e a imigração.

Ele prometeu fechar as fronteiras para imigrantes indocumentados, combater o crime organizado e acabar com as longas filas de espera nos hospitais.

Jeannette Jara, sua principal rival, contrastou com sua campanha baseada no sucesso como ministra do Trabalho, implementando políticas populares, como a reforma da previdência, a redução da jornada de trabalho e o aumento do salário mínimo.

Ela prometeu limitar a imigração sem deportações em massa e aumentar o financiamento para programas sociais.

A vida de José Antonio Kast

O próprio Kast é filho de um imigrante alemão, integrante do partido nazista e tenente do Exército que fugiu para a América do Sul após a Segunda Guerra Mundial, onde acabou fundando um lucrativo negócio de salsichas em Paine, ao sul de Santiago.

Católico e pai de nove filhos, José Antonio Kast é casado há mais de três décadas com Maria Pia Adriasola, advogada que frequentemente o apoia em suas campanhas.

Seu irmão mais velho, Miguel Kast, foi ministro e presidente do Banco Central no início da década de 1980, durante a ditadura do General Augusto Pinochet.

Um dos chamados “Chicago Boys”, pioneiros da economia da terapia de choque, ele impulsionou a desregulamentação e as privatizações.

Kast, que enfrentou críticas e escrutínio da mídia devido aos laços nazistas de sua família durante sua candidatura presidencial em 2021, afirmou que seu pai foi recrutado à força.

Ele estudou direito, mas no final da década de 1990 ingressou no partido de direita UDI (União Democrática Independente).

Após servir como deputado da UDI por mais de uma década, Kast renunciou em 2016 para concorrer à presidência como independente, mas acabou obtendo menos de 10% dos votos.

Ele ganhou mais força em 2021, concorrendo sob a bandeira do Partido Republicano, que ele mesmo fundou.


Candidato presidencial José Antonio Kast discursa durante o evento de encerramento da campanha presidencial realizado na Movistar Arena • Cristobal Basaure Araya/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Abordagem política de Kast

Os chilenos agora veem Kast como uma figura familiar com mais de duas décadas de experiência política, explica David Altman, cientista político da Pontifícia Universidade Católica do Chile, observando que Kast se beneficiou da crescente rejeição ao governo de esquerda de Boric.

“Não é que as pessoas se tornaram mais fascistas em quatro anos”, acrescentou ele. “As pessoas abandonaram a esquerda e, como essencialmente não havia um centro político, foram para a direita. Era o único lugar para onde podiam ir.”

O candidato da ultradireita se inspirou nos Estados Unidos para sua abordagem de linha dura nas fronteiras e, no ano passado, visitou as megaprisões salvadorenhas construídas pelo presidente Nayib Bukele, um modelo que sua plataforma defende, juntamente com uma zona de fronteira militarizada.

Ele também elogiou o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), e o presidente dos EUA, Donald Trump, prometendo construir uma força policial especializada nos moldes do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), encarregada de rastrear imigrantes indocumentados e deportá-los rapidamente.

Seu sucesso tornaria o Chile o país latino-americano mais recente a se inclinar à direita, após as eleições na Bolívia em agosto.


José Antonio Kast, líder do Partido Republicano do Chile • Ivan Alvarado/Reuters

O plano econômico dele inclui leis trabalhistas mais flexíveis, cortes nos impostos corporativos e menos regulamentação (embora se espere que ele modere os cortes de gastos considerados irrealistas) à medida que reformula sua plataforma para incorporar as de seus principais rivais de direita.

Kast já afirmou que revogaria os direitos limitados ao aborto no Chile e proibiria a venda da pílula do dia seguinte.

Ele tem se concentrado em outras questões nesta eleição, mas disse que não mudou de opinião.

“Eu apoio a vida desde a concepção até a morte natural”, declarou Kast quando questionado sobre o assunto durante o último debate televisionado.

Divisão de votos nas eleições

Espera-se que José Antonio Kast receba apoio de seus principais concorrentes de direita, mas os eleitores de Franco Parisi, um candidato antissistema que ficou em terceiro lugar na disputa com 20% dos votos, serão um bloco eleitoral crucial.

Nicholas Watson, diretor-geral da Teneo para a América Latina, falou que nenhum dos candidatos pode dar o voto de Parisi como garantido.

“O sucesso deste exercício vai além da capacidade de Kast vencer o segundo turno, mas demonstra a construção de uma nova coalizão de direita”, afirmou.

Uma pesquisa do Panel Ciudadano UDD, realizada em 31 de outubro, revelou que 46% dos eleitores votariam em Kast em um segundo turno, contra 32% para Jara, embora mais de um quinto permanecesse indeciso.

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