A população brasileira em situação de extrema pobreza registrou uma queda significativa, passando de 4,4% para 3,5% entre 2023 e 2024, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esta redução representa aproximadamente 1,9 milhão de pessoas que deixaram a linha da extrema pobreza.
O cenário positivo é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a abrangência dos programas de transferência de renda e o aquecimento do mercado de trabalho.
De acordo com Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE, quando se excluem os programas sociais da análise, o índice de pobreza aumenta consideravelmente, chegando a atingir 40% da população.
Desigualdades persistentes
Apesar dos avanços, as disparidades raciais e de gênero continuam evidentes. A pesquisa revela que a maioria das pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza é composta por pretos e pardos, com uma proporção significativamente menor de pessoas brancas.
As mulheres pretas, em particular, encontram-se na base da pirâmide socioeconômica. “Mesmo entre as pessoas mais pobres, a gente ainda observa uma desigualdade muito atrelada a questão racial”, afirma o analista.
O estudo também destaca que o Brasil apresenta um dos maiores índices de concentração de renda entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), especialmente quando se desconsideram os programas de transferência de renda.
“Isso mostra, mais uma vez, a importância que a gente ainda tem, a dependência que a sociedade brasileira ainda tem dos programas de transferência de renda”, destaca Mariano.
Perspectivas futuras
Apesar dos problemas apontados, Jefferson Mariano aponta que os dados atuais representam o melhor momento da série histórica iniciada em 2012, com recuperação significativa após o período crítico da pandemia em 2020.
A continuidade do mercado de trabalho aquecido, aliada aos programas de transferência de renda, pode contribuir para reduções ainda maiores nos índices de pobreza. “É possível que no futuro a gente tenha números cada vez menores nessa situação.”
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