A declaração final da Cúpula de Líderes do Mercosul, realizada neste sábado (20) em Foz do Iguaçu (PR), traz um retrato sobre o que foi o encontro entre os presidentes sul-americanos: unanimidade sobre a decepção com a União Europeia e divergências sobre a situação da Venezuela.
A expectativa era de que esta Cúpula marcasse o fim de 26 anos de negociações com a UE e o início do maior acordo de livre comércio já fechado pelo Mercosul. O lobby de agricultores europeus e consequentes ressalvas dos líderes do velho continente ao tratado, no entanto, adiaram a assinatura e frustraram os sul-americanos.
Saiu de cena o acordo e entrou o desacordo. Sem a assinatura do Mercosul-UE, o protagonismo da Cúpula ficou para a oposição entre o presidente brasileiro Lula e o argentino Javier Milei no que diz respeito às movimentações militares americanas nas proximidades da Venezuela.
Enquanto Lula, no discurso inaugural da Cúpula, afirmou que uma intervenção significaria uma “catástrofe humanitária” e “precedente perigoso”, Milei elogiou a “pressão” de Donald Trump sobre Caribe e disse que Nicolás Maduro joga uma “sombra escura” na América do Sul.
O primeiro dos resultados da oposição foi uma declaração conjunta de líderes que não mencionou a Venezuela; o segundo, uma declaração paralela, assinada pelos líderes de Argentina, Paraguai (Santiago Peña) e Panamá (José Raúl Mulino) que pede a “volta da democracia” ao país governado por Maduro.
Acordo Mercosul-UE
Na declaração final dos líderes, os presidentes presentes expressaram “desapontamento com a não assinatura do acordo” — e foi isso o que se viu ao longo dos dias de Cúpula em Foz do Iguaçu.
O presidente Lula cobrou “coragem” dos chefes de Estado da União Europeia para assinar o acordo; já Javier Milei disse que os países sul-americano não têm “mais dez anos para desperdiçar com negociações”. O Paraguai, que agora preside o Mercosul, afirmou que “não há tempo infinito” para as tratativas.
O alívio ficou por conta de uma carta que o presidente Lula recebeu na sexta-feita (19) dos chefes da UE. A presidente da Comissão Europeia e o presidente do Conselho Europeu, Ursula Von der Leyen e António Costa, se comprometeram com a assinatura em janeiro de 2026 no documento.
“Gostaríamos de reafirmar nosso firme compromisso de prosseguir com a assinatura do acordo no início de janeiro, em um momento a ser definido pelas respectivas partes. Estamos confiantes de que levar esse processo a uma conclusão rápida evidenciará nossa determinação compartilhada”, diz trecho da carta.
O cronograma do dia
Logo pela manhã, Lula recebeu presidentes e representantes de líderes que não compareceram. Apesar da frustração sobre o Mercosul-UE, estiveram presentes Milei, Peña, e Yamandú Orsi, do Uruguai. Também participou Mulino, do Panamá, mais novo Estado Associado do bloco.
Na sequência, líderes e representantes se reuniram às margens das cataratas do Iguaçu para a tradicional “foto de família” (veja abaixo). Depois disso, os presentes se encaminharam para as discussões no âmbito do bloco e foi transmitida a presidência rotativa do Mercosul, do Brasil para o Paraguai.

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