Os terceiros molares, conhecidos como sisos, despertam curiosidade porque surgem tardiamente e nem sempre aparecem. Enquanto alguns adultos descobrem quatro dentes adicionais, outros chegam à vida adulta sem nenhum sinal dos “dentes do juízo”. Essa diferença, cada vez mais observada, tem origem em fatores biológicos e evolutivos.
O siso é o último dente da arcada a se desenvolver, mas isso não garante que ele vá aparecer. A presença dele depende de fatores como o tamanho da mandíbula, o tipo de dieta que adotamos desde a infância e características herdadas da família. A soma desses elementos explica por que o dente pode nascer, ficar preso no osso ou sequer se formar.
“O siso está em processo de desaparecimento na espécie humana. Há pacientes que simplesmente não formam mais o germe do dente, enquanto outros têm o siso completamente desenvolvido, mas sem espaço para chegar à boca”, explica a dentista Heloísa Crisóstomo, da Dental Concept, em Brasília.
Leia também
-
Homem passa 4 dias na UTI após tirar dente do siso com aluna da Unesp
-
Dente do siso pode matar? Entenda dúvida de Davi no BBB24
-
Troca de escova de dentes: saiba quando fazer e por que é importante
-
Dentista revela alimentos que protegem os dentes e evitam cáries
Formação do siso e o papel da genética
O desenvolvimento dos dentes segue uma sequência. Primeiro surgem os 20 dentes de leite. Depois, os permanentes começam a aparecer até completar a arcada adulta. Quando há espaço, o total pode chegar a 32 dentes. Os sisos entram nessa conta, já que são os últimos a se formar. Ainda assim, muitas pessoas ficam com apenas 28 dentes.
Isso acontece porque a criação dos sisos depende de genes específicos. Em parte da população, esses genes deixam de atuar e o dente simplesmente não é formado. A ausência, chamada de agenesia, não traz prejuízo.
Ao longo da evolução, o ser humano passou a comer alimentos mais macios, o que reduziu a necessidade de dentes maiores e fortes. Esse processo também contribuiu para mandíbulas menores, deixando pouco espaço para que novos dentes se acomodassem.
Ter ou não ter o dente siso é resultado da combinação entre genética e mudanças naturais da espécie
Por que o siso pode não nascer ou ficar preso?
Mesmo quando o dente se forma, isso não significa que ele vá aparecer na boca. Em muitos casos, ele permanece dentro do osso, seja na posição correta ou inclinada. Como não causa sintomas de imediato, só uma radiografia panorâmica confirma a presença do siso.
A falta de espaço na arcada é a principal razão para esse bloqueio. Quando o dente tenta nascer e não encontra passagem suficiente, pode surgir o quadro mais comum nesses casos, chamado de nascimento parcial.
O dentista Flávio Pinheiro, membro da Associação Brasileira de Odontologia de Santos, no Rio de Janeiro, destaca que o nascimento incompleto do dente siso deixa a área sensível e difícil de higienizar. Isso favorece inflamações e facilita o acúmulo de restos de alimentos.
“Quando o siso nasce apenas pela metade, a gengiva forma uma espécie de ‘tenda’ sobre o dente. Essa área acumula resíduos, aumenta o risco de infecção e pode provocar cárie no siso e no dente ao lado”, afirma Pinheiro.
Nessas condições, tanto o siso quanto o dente vizinho ficam mais expostos ao risco de cárie. Quando cresce torto, o siso também pode encostar na bochecha. Esse contato causa pequenas mordidas involuntárias e desconforto constante, principalmente durante a mastigação.
Quando a extração é recomendada?
A remoção costuma ser indicada quando o siso cresce fora do alinhamento, não atinge a mordida correta ou permanece inclinado dentro do osso. Nessas situações, a extração evita inflamações, dor e danos aos dentes vizinhos.
Ter ou não ter o dente não interfere na saúde bucal. A ausência faz parte da evolução humana. Já a presença exige apenas acompanhamento para definir se o dente pode ficar ou se é melhor remover.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Fonte: Metrópoles
