O SoftBank está correndo para concluir um compromisso de financiamento de US$ 22,5 bilhões para a OpenAI até o final do ano por meio de uma série de estratégias de captação de recursos, incluindo a venda de alguns investimentos, e pode recorrer a seus empréstimos de margem não utilizados, obtidos por meio de sua valiosa participação na empresa de chips Arm Holdings, disseram fontes.
A aposta “tudo ou nada” na OpenAI está entre as maiores já feitas pelo CEO do SoftBank, Masayoshi Son, enquanto o bilionário japonês busca melhorar a posição de sua empresa na corrida pela inteligência artificial.
Para levantar o dinheiro, Son já vendeu toda a participação de US$ 5,8 bilhões do SoftBank na líder em chips de IA, Nvidia, desfez-se de US$ 4,8 bilhões de sua participação na T-Mobile e reduziu o quadro de funcionários.
Segundo duas fontes da Reuters, Son reduziu drasticamente o ritmo da maioria das negociações no Vision Fund do SoftBank, e qualquer acordo acima de US$ 50 milhões agora exige sua aprovação explícita.
A empresa de Son está trabalhando para abrir o capital de sua operadora de aplicativos de pagamento, a PayPay. O IPO (oferta pública inicial), originalmente previsto para este mês, foi adiada devido à paralisação do governo dos EUA que durou 43 dias e terminou em novembro.
A estreia da PayPay no mercado, que provavelmente arrecadará mais de US$ 20 bilhões, agora está prevista para o primeiro trimestre do próximo ano, de acordo com uma fonte direta e outra pessoa familiarizada com os esforços.
O conglomerado japonês também pretende liquidar parte de suas participações na Didi Global, operadora da principal plataforma de transporte por aplicativo da China, que busca listar suas ações em Hong Kong após uma repressão regulatória que a obrigou a deixar de ser negociada nos EUA em 2021, segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto.
Gestores de investimento do Vision Fund, do SoftBank, estão sendo direcionados para o negócio com a OpenAI, disseram duas das fontes citadas.
A corrida do SoftBank para angariar fundos oferece uma visão da pressão enfrentada até mesmo pelos maiores negociadores do mundo, que se esforçam para financiar projetos ambiciosos de data centers de IA, avaliados em centenas de bilhões de dólares.
O SoftBank recusou-se a comentar.
SoftBank tem opções
A OpenAI ainda não recebeu o financiamento restante, mas espera que o dinheiro chegue até o final de 2025, conforme estipulado no contrato, disseram fontes.
Fontes afirmaram que o SoftBank possui diversas fontes de capital que pode utilizar, incluindo empréstimos com margem, caixa em seu balanço patrimonial, participações em empresas listadas e títulos corporativos ou empréstimos-ponte.
Son tem fortes razões para recorrer a uma série de mecanismos de financiamento para cumprir essas obrigações. O SoftBank garantiu um acordo para investir na OpenAI com uma avaliação de US$ 300 bilhões em abril.
Desde então, a avaliação da OpenAI aumentou drasticamente e a empresa está em negociações para captar financiamento adicional de investidores, incluindo a Amazon, triplicando sua avaliação para perto de US$ 900 bilhões, acrescentou uma das fontes, o que daria ao SoftBank um ganho significativo no papel assim que a transação for concluída.
Uma importante fonte de capital para o SoftBank é sua capacidade não utilizada de empréstimos com margem, garantidos por sua participação na empresa britânica de semicondutores e design de software Arm Holdings.
O SoftBank expandiu recentemente sua capacidade de empréstimos com margem em US$ 6,5 bilhões, elevando o total não utilizado para US$ 11,5 bilhões. As ações da Arm triplicaram desde o seu IPO, proporcionando ao SoftBank margem adicional para expandir sua capacidade de empréstimo.
O SoftBank reportou um saldo de caixa de 4,2 trilhões de ienes (US$ 27,16 bilhões) em 30 de setembro. O grupo ainda detém cerca de 4% da T-Mobile US, permanecendo como o segundo maior acionista da operadora de telefonia móvel, uma participação avaliada em aproximadamente US$ 11 bilhões no final de setembro, segundo dados da LSEG.
Apesar de investir em um ritmo menos ativo, a empresa continuou a apoiar startups de IA como a Sierra e a Skild AI.
OpenAI precisa do dinheiro
Tanto a OpenAI quanto o SoftBank são investidores da Stargate, uma iniciativa de US$ 500 bilhões para construir centros de dados de IA para treinamento e inferência, que, segundo executivos, é crucial para as ambições do governo dos EUA de se manter à frente da China em IA.
A corrida para construir data centers também levou gigantes da tecnologia, incluindo a Meta Platforms, a investir somas sem precedentes nessas construções — que exigem chips, energia, refrigeração e servidores — e a atrair parceiros com grandes recursos financeiros para diluir o risco.
Esses vultosos investimentos de capital suscitaram preocupações sobre o que acontecerá se os investimentos não gerarem o retorno esperado, levantando o espectro de um estouro da “bolha da IA”.
Em abril, o SoftBank prometeu investir até US$ 30 bilhões na OpenAI, dos quais US$ 10 bilhões seriam recebidos pela startup no mesmo mês.
O restante do pagamento estava condicionado à transformação da startup de IA em uma empresa com fins lucrativos até o final do ano, uma meta ambiciosa que a OpenAI alcançou em outubro.
O novo financiamento é crucial para cobrir os custos crescentes da OpenAI para treinar e executar seus modelos de IA, à medida que a concorrência do Google, da Alphabet, se intensifica.
O CEO da OpenAI, Sam Altman, disse recentemente aos funcionários que a empresa está entrando em uma fase de “alerta máximo” para aprimorar o ChatGPT — adiando o lançamento de outros produtos para conter o avanço do Gemini, do Google.
Em outubro, Altman afirmou que a OpenAI pretendia construir 30 gigawatts de capacidade computacional por US$ 1,4 trilhão.
Ele disse que, em última análise, deseja que a OpenAI adicione 1 gigawatt de capacidade computacional por semana — uma meta enorme, considerando que cada gigawatt atualmente representa um custo de capital superior a US$ 40 bilhões.
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