Tenda encharcada ou prédio em ruínas: moradores de Gaza enfrentam o inverno

Os palestinos em Gaza enfrentam uma escolha impossível neste inverno.

Com mais de 400 mil casas destruídas na guerra, os moradores de Gaza estão sendo forçados a escolher morar viver em tendas expostas às condições climáticas ou correr o risco de viver dentro das ruínas de edifícios que podem desabar a qualquer momento.

Hiyam Abu Nabah não tem acesso a uma tenda; portanto, essa terrível escolha foi feita por ela.

Ela mora com sua família nas ruínas de um prédio na área de Hamad, em Khan Younis, no sul de Gaza, sem paredes e com os andares superiores do prédio desabados sobre eles.

Na semana passada, chuvas torrenciais e inundações mataram pelo menos 17 pessoas em Gaza, incluindo crianças, declarou o porta-voz da Defesa Civil Palestina, Mahmoud Basal.

Mais de 90 prédios residenciais foram afetados e aproximadamente 90% dos abrigos para pessoas deslocadas devido à guerra de Israel em Gaza ficaram completamente alagados.

“No primeiro dia da tempestade, podíamos ouvir as pedras rachando acima de nossas cabeças”, disse Abu Nabah. “Areia caía em nossos olhos… isso não é vida.”

Ela observa seu filho de cinco anos se esgueirar entre os fios elétricos pendurados no teto em ruínas.

Os fios agora são usados para pendurar roupas e mantê-las longe do chão molhado; a eletricidade é apenas uma lembrança distante aqui.

Seu sonho de voltar para o que restou de sua casa em Shujaiya, na cidade de Gaza, parece distante.

Ela fica atrás da chamada “linha amarela”, em uma área ocupada pelos militares israelenses como parte do acordo de cessar-fogo para encerrar a guerra de dois anos, inacessível aos residentes.


Palestinos que vivem no campo de refugiados de Nuseirat lutam para manter suas vidas diárias em meio aos escombros na região central da Faixa de Gaza, em 17 de dezembro • Hassan Jedi/Anadolu/Getty Images via CNN Newsource

Em um prédio próximo, Awn Al Haj cutuca o telhado de seu abrigo com uma vara para mostrar pedras e areia se desintegrando e caindo a seus pés.

Esse telhado possui partes de uma fundação desmoronada do apartamento acima, vigas de aço retorcidas e distorcidas pela pressão de tantos andares esmagados acima.

“Dias de chuva foram como primeiros dias de guerra”

Se lembrando de uma tempestade recente que passou pela região, Al Haj diz: “Três dias de chuva foram como os primeiros dias da guerra… você não sabia o que (iria) acontecer com você enquanto estava sentado aqui. Blocos de concreto caíam, água vazava, vento e frio intenso”.

Todos os prédios que estão parcialmente de pé neste bairro apresentam os mesmos perigos.

Apoiando paredes em ruínas com lama, cobrindo buracos com lonas, Al Haj sabe que essa é uma solução paliativa para um problema que ameaça a vida.

A única alternativa, diz ele, é se sentar à beira-mar, em uma barraca, inundada pela água.

Mais ao norte, no campo de al-Shati, um prédio desabou na terça-feira (16), matando um homem que estava sentado dentro dele e ferindo outros dois.

Um dos vizinhos disse que a estrutura ficou muito danificada quando o prédio ao lado foi destruído em um ataque aéreo israelense. O clima frio e o vento do inverno foram a gota d’água.

 

“As casas continuam desabando. Alguém precisa fazer alguma coisa em relação às nossas condições de vida”, falou o vizinho. “Dia após dia, uma casa desaba, dia após dia, pessoas morrem.”

Mohammad Fathi, da Defesa Civil de Gaza, que atua como serviço de emergência, estava no local para resgatar sobreviventes.

Fathi diz que eles não têm máquinas pesadas, como escavadeiras, para ajudá-los a resgatar sobreviventes presos sob prédios desabados.

“A cada tempestade de inverno, muitas famílias e muitas crianças morrem”, alertou.


Crianças tentam se aquecer ao redor das fogueiras enquanto palestinos que vivem no bairro de Jabalia, no norte de Gaza, continuam suas vidas diárias em condições difíceis • Imagens de Khames Alrefi/Anadolu/Getty via CNN Newsource

A Defesa Civil pede que as pessoas saiam dos prédios danificados durante chuvas fortes, mas o conselho entra por um ouvido e sai pelo outro.

Para aqueles que vivem entre os escombros, não há outra escolha.

A Defesa Civil também afirma que as tendas simplesmente não são adequadas como abrigo para o inverno em Gaza. Mas não há outra opção.

As Nações Unidas afirmam que 1,3 milhões de palestinos precisam urgentemente de abrigo nesta estação.

Os números mais recentes da COGAT, a agência israelense responsável pela entrada de mercadorias em Gaza, indicam que foram recebidas recentemente cerca de 310 mil tendas e lonas, além de mais de 1.800 caminhões com cobertores e roupas quentes.


Iman Al-Atoutt conserta sua barraca após dias de chuva em um acampamento improvisado para palestinos deslocados, montado na praia da Cidade de Gaza • Abdel Kareem Hana/AP via CNN Newsource

A ONU (Organização das Nações Unidas) e ONGs internacionais estão pedindo unanimemente que Israel permita a entrada de mais ajuda em Gaza para ajudar centenas de milhares de pessoas sem teto a sobreviver ao inverno.

A ONU afirma que Israel está impedindo a entrada direta de ajuda em Gaza.

Autoridades afirmam que entre aos mortos devido às condições climáticas da semana passada estavam um bebê de duas semanas e uma criança de oito meses, ambos mortos por hipotermia.

Com cerca de 90% dos abrigos para pessoas deslocadas inundados pelas tempestades recentes, ainda mais famílias serão agora forçadas a se refugiar nas precárias estruturas que desafiam a gravidade, que antes eram casas e prédios de apartamentos.

Bakr Mahmoud al-Sheikh Ali diz que houve desabamentos de prédios em seu bairro em Khan Younis.

“As pessoas estão com medo, mas dizem: ‘irmão, preciso de abrigo, não quero uma barraca e água no inverno, neste tempo frio… o que tiver que acontecer, acontecerá’”, afirmou ele.

O sentimento predominante expressado por todos os desabrigados de Gaza que falaram com a CNN: isso não é vida.

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