“Abin de olho nele”; veja anotação de general Heleno sobre deputado do PT

A PF (Polícia Federal) encontrou anotações referentes ao ex-deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) na agenda do general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo Jair Bolsonaro (PL), em que ele é apontado como suposto espionado pela chamada “Abin paralela”, além de registros relacionados a outros políticos.

Nas anotações, às quais a CNN teve acesso integralmente com exclusividade, Vicente Cândido é descrito como o “novo Vaccari” — ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores preso em 2015 na Operação Lava Jato.

João Vaccari Neto foi condenado em diversos processos da operação, absolvido em um deles e cumpriu pena até 2019, quando foi beneficiado pelo indulto natalino concedido por Michel Temer (MDB).

“Falar com PR [presidente]. Vicente Cândido é o novo Vaccari. ABIN está de olho nele”, diz o texto escrito à mão na agenda de Heleno.

Na mesma página, aparecem outros nomes isolados, como José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, e Alexandre Padilha, então deputado federal. Também estão anotadas as expressões “bunker em São Paulo” e “braço em Brasília”, sem mais explicações.

No topo da anotação, consta que o assunto deveria ser despachado com o presidente da República.


Anotações do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno apreendidas pela Polícia Federal • CNN

Logo abaixo, está escrita a frase “Aras de aproximou da Abin” — uma referência ao então procurador-geral da República, Augusto Aras. Consta ainda: “a PF [Polícia Federal está] preparando uma sacanagem grande”, sem detalhamento sobre o que se trata.

Como as anotações não têm data exata, não é possível determinar em que momento do governo foram feitas.

Porém, pelas páginas seguintes, percebe-se uma preocupação com o período eleitoral, já que há um fluxograma apontando circunstâncias que poderiam prejudicar Bolsonaro, como a relação conflituosa e o aumento da tensão social.

Ainda nessa página, consta a informação de que grupos de manifestantes chilenos poderiam vir a atuar no Brasil.

Logo em seguida, há um tópico intitulado “Observação das Eleições”, no qual são listadas pessoas e organizações, segundo as anotações, ligadas ao PT e sem “interesse que um amigo de Trump ganhe as eleições no Brasil”.

Nas páginas seguintes, aparecem mais informações, como o WBO (Washington Brazil Office) — uma instituição independente que conecta, apoia e realiza atividades de advocacy, conhecimento e cooperação com a sociedade civil.

Também são mencionadas as organizações Juízes para Democracia, Transparência Eleitoral e Grupo de Puebla, todas com atuação relevante no cenário político e jurídico.

Apesar das anotações e do fato de ser o superior hierárquico da Abin, a PF optou por não indiciar o general Heleno na investigação que apura o uso do órgão pelo governo para fins pessoais e políticos de bolsonaristas.

A CNN procurou a defesa do general para esclarecer as anotações, mas até o momento não obteve resposta. A reportagem também tenta contato com o ex-deputado Vicente Cândido e os demais citados.

Heleno integra “núcleo crucial” do golpe, segundo PGR

Heleno é réu na ação penal junto a outras sete pessoas, consideradas o “núcleo crucial” — também chamado de “núcleo 1” — da tentativa de golpe contra o resultado da eleição presidencial de 2022.

Para a PGR (Procuradoria-Geral da República), o ex-presidente Jair Bolsonaro contou com “auxílio direto” de Heleno para “deflagrar o plano criminoso” de difusão de mensagens que questionavam a segurança do sistema eleitoral brasileiro.

Em alinhamento com Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Abin, Heleno teria em sua posse documentos com orientações para que Bolsonaro descumprisse ordens do STF.

“As anotações previam a ‘prisão em flagrante’ da autoridade policial ‘que se [dispusesse] a cumprir’ as decisões judiciais que a organização criminosa qualificasse como manifestamente ilegais”, descreve a denúncia da PGR.

Heleno também teria “pleno domínio sobre as ações clandestinas” da chamada “Abin paralela”, já que o órgão, em seu caráter oficial, estava subordinado ao GSI.

“Documentos apreendidos em poder de Augusto Heleno e Alexandre Ramagem confirmaram o alinhamento ideológico de ambos e a existência de uma ação conjunta para a preparação da narrativa difundida por Jair Bolsonaro”, segundo a PGR.

Pelo plano, Augusto Heleno foi denunciado por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, entre outros crimes.

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