Mais de 7,5 milhões de bolivianos são esperados nas urnas neste domingo (17) para votar nas eleições presidenciais que podem tirar a esquerda do poder após mais de 20 anos de predomínio do MAS (Movimento ao Socialismo).
Apesar de insistentes tentativas, o ex-presidente Evo Morales, que governou o país por quase 14 anos, não foi autorizado pela Justiça a se candidatar para outra reeleição. Já o atual presidente, Luis Arce, que chegou ao poder pela sigla de Evo em 2020, mas rompeu com ele durante o governo, também optou por não concorrer.
Com o partido MAS, que levou ambos ao poder, totalmente dividido e Morales pedindo que a população anule o voto, a esquerda aparenta poucas chances de chegar ao segundo turno com os dois candidatos da sigla, o também ativista cocaleiro e presidente do Senado Andrónico Rodríguez e o ex-ministro de Governo de Arce, Eduardo del Castillo.
O MAS está no poder da Bolívia quase continuamente desde 2006. O partido somente deixou de governar o país entre 2019 e 2020, quando Morales, após eleições presidenciais questionadas, foi pressionado pelas Forças Armadas do país a renunciar.
Em seu lugar, assumiu interinamente a então segunda vice-presidente do Senado Jeanine Áñez. Ela acabou condenada a 10 anos de prisão pelo episódio, considerado um golpe de Estado pelo governismo.
Intenção de voto
O candidato com maior intenção de votos, segundo pesquisa do instituto Ipsos-Ciesmori realizada para a emissora boliviana Unitel, é Samuel Doria Medina, empresário que tenta pela quarta vez chegar à presidência, pela coalizão Alianza Unidad.
Dono das franquias das empresas de fast food Burger King e Subway na Bolívia, ele promete resolver, em 100 dias, a escassez de dólares e de combustível que castigam o país, e chega ao pleito com cerca de 21% das intenções de voto.
O ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga aparece como o segundo melhor posicionado para o primeiro turno, com 20% das preferências. Sua passagem pelo governo boliviano, entre 2001 e 2002, se deveu à renúncia do ex-ditador Hugo Banzer, de quem “Tuto” era vice. O direitista promete uma mudança radical no país, que inclui vender para o setor privado todas as estatais bolivianas.
Em terceiro lugar, com cerca de 8,3% das intenções, está Rodrigo Paz Pereira, do partido Democrata Cristão, e na quarta, com 7,7%, o também direitista Manfred Reyes, ex-militar e ex-prefeito de Cochabamba.
Os esquerdistas Andrónico Rodríguez e Eduardo del Castillo aparecem nas longínquas quinta e sétima colocações nas intenções de voto, com 5,5% e 1,5%, respectivamente.
Uma pesquisa de intenção de voto da Atlas/Intel, divulgada na sexta-feira (15), menciona Jorge “Tuto” Quiroga, do Libertad y Democracia, em primeiro lugar com 22,3%, ante ao candidato de centro-direita Samuel Doria Medina, do partido Unidad Nacional, com 18%.
No levantamento da Atlas/Intel, a esquerda surge na sexta posição, Eduardo del Castillo, do partido MAS, com 8,1% das intenções de voto.
Além do próximo presidente e seu vice, os bolivianos também definirão neste pleito os nomes de 36 senadores e 130 deputados.
Como são as eleições na Bolívia
A votação vai das 8h às 16h (das 9h às 17h no horário de Brasília). Se houver fila nas salas eleitorais, no entanto, a votação só terminará depois que todos os presentes votarem. O voto na Bolívia é em papel, por meio de uma grande cédula eleitoral em que o eleitor marca com “x” ou outro símbolo seus candidatos a presidente e vice, e legisladores de preferência.
Após a escolha dos candidatos, a cédula deve ser depositada em uma urna de papelão, com uma abertura coberta por plástico na parte frontal, para tornar seu interior visível.
Os votos são contados pelos mesários e registrados manualmente em uma ata eleitoral, cuja foto é enviada para o centro de contabilização do TSE (Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia), para a divulgação dos resultados preliminares no próprio dia da votação.
O resultado oficial, no entanto, somente será proclamado após a revisão de cada ata eleitoral pelo TSE boliviano.
*Com CNN em Espanhol