Juros altos e recuo do agro: PIB deve desacelerar no segundo trimestre

O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2025 será divulgado nesta terça-feira (2/9). As projeções do mercado financeiro, do Ministério da Fazenda e do Banco Central (BC) indicam para uma desaceleração da atividade econômica em comparação ao trimestre anterior, influenciada sobretudo pelo desempenho da agropecuária.

Especialistas destacam que o atual patamar da taxa de juros e a expectativa de retração do PIB agropecuário, devido ao ciclo da safra brasileira — que é concentrada no 1º trimestre —, devem contribuir para esse arrefecimento da atividade econômica.

O desempenho do PIB brasileiro surpreendeu no primeiro trimestre e avançou 1,4% em comparação ao quarto trimestre de 2024. A agropecuária, com peso de aproximadamente 6,5% na economia brasileira, registrou incremento de 12,2% no PIB.

O PIB

  • O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, em um ano. A divulgação é feita trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
  • Uma alta significa que a economia está crescendo em um ritmo bom.
  • Por outro lado, um recuo implica encolhimento da produção econômica da nação.

Juros altos, safra no 1º tri e mercado de trabalho

Para André Valério, economista sênior do Inter, a desaceleração do PIB no segundo trimestre não altera de maneira significativa o desempenho esperado para o ano: uma expansão acima de 2%.

“De toda forma, a desaceleração na margem pode ser um indício mais claro de que a política monetária restritiva (juros elevados) esteja impactando a economia real, mas cuja confirmação dependerá das leituras dos outros trimestres”, avalia ele.

A taxa Selic está em 15% ao ano, o patamar mais elevado em quase 20 anos. As consequências esperadas são a redução do consumo e dos investimentos no país. Assim, o crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer.

Valério destaca que a tal desaceleração do crescimento “ainda não se materializou de maneira significativa”. Segundo o economista, há sinais de que a atividade esteja perdendo força na margem em função da piora nas condições de crédito, o principal canal de transmissão dos efeitos da política monetária.

“Nos últimos meses, inclusive, se nota menor disposição por parte dos bancos em conceder novos empréstimos, enquanto a inadimplência tem aumentado de maneira significativa, sugerindo maior dificuldade das famílias e empresas em arcar com suas obrigações”, explica ele.

Concomitantemente, o mercado de trabalho permanece resiliente, com a taxa de desemprego na mínima histórica (5,8%). No entanto, Valério ressalta que o segmento é a última variável a sentir os efeitos dos juros. Para os próximos trimestres, o banco Inter prevê a continuidade da desaceleração do PIB, com o mercado de trabalho “piorando na margem”.

Impacto do tarifaço no PIB

Cristina Helena Pinto de Mello, professora de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), afirma que a desaceleração do PIB no segundo trimestre impactará as previsões de arrecadação do governo federal e poderá alterar, ainda que parcialmente, a construção do cenário político e eleitoral para 2026, visto que o desempenho da economia costuma influenciar as escolhas da população durante as eleições.

A professora também atribui parte dessa desaceleração do PIB à imposição de tarifas unilaterais de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos (EUA), que entrou em vigor no início de agosto.

“Boa parte dessa desaceleração está vinculada ao ‘tarifaço’, houve uma mudança muito grande na confiança dos empresários e também dos consumidores. Em economia, as profecias se realizam quando nós não confiamos, não investimos, não consumimos e, portanto, a economia não cresce”, explica Mello.

Um estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) estima, no curto prazo, uma redução do PIB brasileiro de R$ 25 bilhões por conta do tarifaço de Donald Trump. A longo prazo, o prejuízo pode chegar a R$ 110 bilhões.

Apesar dos números alarmantes, a professora da PUC-SP enfatiza que é necessário aguardar os efeitos do plano de contingência anunciado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para proteger a economia nacional.

“A taxa de juros não é a causa dessa desaceleração, mas limita as capacidades de reação”, diz. “Por enquanto, é uma desaceleração [do PIB], não é um decrescimento. É algo para ser monitorado e para a gente aguardar”, concluiu Mello.

Projeções para o PIB do 2º tri e de 2025

A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre, puxada pelo bom desempenho da agropecuária. A expectativa da Fazenda e do Banco Central é de que o PIB do segundo trimestre desacelere em comparação ao período anterior.

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda informou no Boletim Macrofiscal de junho que a expectativa é de desaceleração, com expansão de 0,6% no 2º trimestre, ante alta de 1,3% projetada para o trimestre anterior.

*O Macrofiscal é um relatório bimestral responsável por divulgar as projeções de curto e médio prazo para os indicadores de atividade econômica e de inflação, utilizados no processo orçamentário da União.

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Conforme o boletim, a previsão é de que a economia avance apenas 0,6% na margem. “Na comparação trimestral, o PIB agropecuário deverá cair, enquanto o ritmo de atividade na indústria e em serviços deve aumentar”, avaliou a SPE.

A Fazenda destaca que, até o segundo trimestre, projeta-se:

  • recuo de 0,7% do PIB agropecuário, após alta de 12,5% no primeiro trimestre;
  • avanço de 1% do PIB da indústria, ante variação de 0,1% no primeiro trimestre; e
  • expansão de 0,6% do PIB de serviços, contra elevação de 0,4% no primeiro trimestre.

Pela ótica da demanda, a equipe econômica da SPE projeta que haverá um arrefecimento no ritmo de expansão da absorção doméstica, inclusive com recuo do investimento, e de contribuição positiva do setor externo.

O Banco Central, por sua vez, afirmou no Relatório de Política Monetária (RPM) — antigo Relatório Trimestral de Inflação (RTI) — que a expectativa de desaceleração do PIB está mantida. O BC projeta um arrefecimento na atividade econômica ao longo do segundo trimestre e do segundo semestre de 2025.

“Essa moderação esperada decorre da manutenção de uma política monetária restritiva, do reduzido grau de ociosidade dos fatores de produção, da perspectiva de moderação do crescimento global e da redução do impulso da agropecuária registrado no primeiro trimestre”, ressaltou o BC em trecho do RPM.

Analistas do mercado financeiro revisaram para cima a expectativa de crescimento do PIB brasileiro em 2025, indo de 2,18% para 2,19%. É o que diz as estatísticas presentes no Relatório Focus mais recente, publicado nessa segunda-feira (1º/9).

Projeções do PIB de 2025

  • Expectativa do Mercado (Relatório Focus): 2,19%
  • Ipea: 2,4%
  • Confederação Nacional da Indústria (CNI): 2,3%
  • Ministério da Fazenda (Boletim Macrofiscal): 2,5%
  • Banco Central: 2,1%



Fonte: Metrópoles

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