A desvalorização do dólar em relação ao real tem impacto direto no bolso dos brasileiros, especialmente quando se trata dos preços dos alimentos nos supermercados. A moeda americana, que chegou a atingir R$ 6,30 no final do ano passado, agora está cotada em torno de R$ 5,30.
De acordo com Marcela Kawauti, economista da Lifetime, em entrevista à CNN, a inflação dos alimentos responde rapidamente às variações cambiais. Produtos básicos como pão, macarrão e café são diretamente afetados, pois suas matérias-primas são cotadas em dólar no mercado internacional.
Impacto na inflação
Aproximadamente 40% do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) é influenciado, direta ou indiretamente, pela taxa de câmbio. Além dos alimentos, bens industriais como vestuário, calçados e brinquedos também são impactados pela cotação do dólar.
A queda na inflação dos alimentos já foi registrada por três meses consecutivos, evidenciando os efeitos positivos da valorização do real. No entanto, existem fatores que podem limitar essa tendência de queda do dólar, como as incertezas fiscais domésticas e possíveis mudanças no cenário internacional.
Efeitos no setor exportador
Por outro lado, a valorização do real traz desafios para o setor exportador brasileiro, que representa cerca de 15% do PIB nacional. Quando o real se valoriza, as empresas exportadoras recebem menos ao converter suas receitas em moeda nacional.
No entanto, a forte demanda doméstica tem ajudado a compensar parte das dificuldades enfrentadas pelo setor exportador. Alguns segmentos, como soja e café, conseguiram inclusive redirecionar parte de suas exportações para novos mercados, especialmente a China.