Só uma cutucada! Por que sentimos tanta vontade de espremer espinhas?

Quem nunca passou por um espelho, viu uma espinha inchada no rosto e sentiu aquela vontade quase irresistível de apertá-la? O hábito é comum e há uma explicação neurológica por trás dele. Mas, apesar de prazeroso, “cutucar” a espinha pode trazer prejuízos à pele, deixando marcas, cicatrizes ou até causar infecções.

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O ato de espremer esse tipo de erupção cutânea é associado pelo cérebro como a resolução de um incômodo físico e visual. A eliminação da espinha ativa áreas cerebrais ligadas ao sistema de recompensa, liberando neurotransmissores, como dopamina e endorfina, gerando uma sensação de controle, alívio e prazer.

“É semelhante ao que acontece em pequenos atos de autoalívio, como coçar uma coceira ou arrancar uma casquinha. Espremer espinhas não é apenas um hábito ‘estético’, mas um reflexo de como nosso cérebro busca constantemente reduzir tensões e alcançar recompensas rápidas”, exemplifica a neurologista Siane Prado, do Hospital Brasília Águas Claras.

Siane afirma que o comportamento está relacionado a um mecanismo antigo, quando nossos ancestrais retiravam do corpo qualquer coisa que consideravam impuro ou anormal, gerando um sentimento de cuidado e autopreservação.

Quando o ato vira compulsão

Apesar de parecer inofensiva, em alguns casos a mania pode evoluir para um comportamento compulsivo chamado dermatilomania – também conhecido como transtorno de escoriação. A condição, associada ao espectro do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado por coçar, espremer, arranhar ou cutucar a pele excessivamente em busca de imperfeições imaginárias, causando lesões e cicatrizes.

“Nesse ponto, já não falamos de um simples hábito, mas de um comportamento compulsivo que pode trazer além de prejuízos físicos, os emocionais (culpa, vergonha, ansiedade). Nesses casos, é fundamental buscar avaliação médica e, muitas vezes, acompanhamento com neurologista ou psiquiatra”, ressalta Siane.

E por que vídeos espremendo espinhas são tão satisfatórios?

Além de espremer, muitas pessoas sentem “prazer” em assistir vídeos de pessoas cutucando os pontinhos de pus. Ao dar o play, o cérebro age através de um mecanismo duplo: partes cerebrais ligadas à aversão, como a ínsula, e a recompensa, como o sistema dopaminérgico, são acionadas.

“Essa combinação paradoxal mantém a atenção, promove catarse emocional e reforça o comportamento de assistir repetidamente, logo, a sensação de prazer”, revela o neurocientista Leandro Freitas Oliveira, professor da Universidade Católica de Brasília (UCB).

O docente diz que vídeos assim viralizam tanto nas redes sociais porque unem três fatores no principal órgão do sistema nervoso: curiosidade mórbida (atração pelo que é repulsivo), empatia sensorial (o cérebro reage como se a experiência fosse dele) e reforço dopaminérgico (a cada vídeo, há uma pequena descarga de prazer para o cérebro).

Riscos de espremer espinhas

Do ponto de vista dermatológico, a prática é arriscada: ao espremer uma espinha, o perigo de bactérias entrarem no local, e, consequentemente, chegar à corrente sanguínea, aumenta. Formação de cicatrizes e manchas no local também são possíveis.

Em casos graves, indivíduos podem ser acometidos com espinhas que só podem ser esvaziadas por profissionais, como em lesões inflamatórias cheias de pus, que acabam formando abscessos.

Pele oleosa com espinhasEstourar espinhas pode deixar manchas ou cicatrizes na pele

A presença constante desse tipo de erupção cutânea deve ser tratada. Segundo o dermatologista Luciano Morgado, diversos tratamentos estão disponíveis no mercado, como géis, cremes e antibióticos, além de terapias a laser ou com LED, que ajudam a limpar a pele e controlar a inflamação da pele.

“O acompanhamento dermatológico é fundamental para planejar e ajustar o tratamento conforme a evolução e até mesmo após o controle e cura da acne. O dermatologista poderá usar lasers e outros recursos para atenuar as cicatrizes e manchas”, destaca o membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

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Fonte: Metrópoles

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