Barroso: “Criminalização não reduz abortos; ainda posso votar”

Em declaração após anunciar sua aposentadoria, nesta quinta-feira (9), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luis Roberto Barroso lembrou que ainda pode votar pela questão do aborto na Corte, antes de deixar a cadeira de ministro.

“Não fosse o risco de criar um ambiente mais convulsionado, a minha posição é clara, e todo mundo sabe qual é”, afirmou Barroso, que adicionou estar ponderando como deve votar.

“O que eu gosto de dizer, no entanto, é que é possível ser contra, é possível não fazer, é possível pregar contra — e tudo isso é diferente de achar que a mulher que passou por esse infortúnio deva ir presa […] A Organização Mundial de Saúde tem uma pesquisa importante dizendo que a criminalização não diminui o número de abortos, apenas impede que ele seja seguro”, disse Barroso.

Segundo o ex-presidente do STF, a sociedade brasileira “ainda não tem clareza” para uma posição que vá contra a criminalização do aborto
Para o ministro “a criminalização tem um efeito perverso sobre as mulheres pobres que não podem usar a rede pública de saúde”, pois pessoas com mais recursos financeiros ainda podem realizar o procedimento em países onde o aborto é legalizado.

“Portanto, é mais um componente discriminatório em relação às pessoas pobres”, prosseguiu.

Para Barroso, se não tivessem tantos temas delicados passando pela Corte nos últimos tempos, sua posição seguiria pela descriminalização. Mas o ministro ainda pondera pelo ambiente “convulsionado”, que tem perseguido o Supremo, para decidir sobre o seu voto.

Uma ação protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) pede para que profissionais de enfermagem estejam autorizados para realização de abortos, nos casos em que a legislação permite a prática de interrupção da gestação. Atualmente, apenas médicos têm a permissão.

Atualmente, o Código Penal brasileiro criminaliza o aborto, exceto em duas situações: quando não há outra maneira de salvar a vida da gestante e em casos de gravidez decorrente de estupro. 

Em 2012, o STF também descriminalizou a interrupção da gravidez de feto com anencefalia. 

Com a saída de Barroso, Lula terá agora mais uma indicação a fazer para ocupar uma das onze cadeiras do Supremo. O petista já havia indicado quatro nomes que estão hoje na Corte Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Dias Toffolli.

Ainda em conversa com a imprensa, o ministro, que foi indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2013, disse acreditar que Lula irá realizar uma boa escolha, além de defender a presença de uma mulher na Corte.

Saída de Luís Roberto Barroso do STF

Dias após deixar a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Luís Roberto Barroso, que estava na Corte há 12 anos, anunciou a sua aposentadoria durante a sessão plenária desta quinta-feira (9).

Atualmente 67 anos, Barroso poderia ficar na Corte até os 75 anos. Agora, no terceiro mandato de Lula, um novo nome será escolhido.

O candidato terá que preencher os seguintes requisitos:

  • o candidato deve ser maior de 35 anos e ter menos de 75 anos;
  • ter conhecimento jurídico reconhecido, o chamado notável saber jurídico;
  • ter reputação ilibada, ou seja, ser pessoa idônea e íntegra.

Não há um prazo exigido para que o presidente da República indique um ministro. Um exemplo recente é o da ex-presidente Dilma Rousseff, que levou cerca de um lavo para indicar o atual magistrado Edson Fachin para a vaga que pertencia a Joaquim Barbosa em 2015.

Com a escolha de Lula, contudo, o novo possível ministro do Supremo Tribunal Federal não assumiria a cadeira automaticamente.

Ele representa uma indicação, e ainda precisa passar por uma sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, responsável por aprovar ou reprovar a indicação.

Após isso, caso o nome seja aprovado, ele segue para o plenário do Senado, onde precisa dos votos favoráveis de 41 dos 81 senadores para se tornar um novo ministro.

Histórico: aluno de colégio militar conquista 1ª medalha de ouro para o Acre no JEBs

Um feito histórico. O atleta Luiz Antônio Jerônimo da Silva, do Colégio Militar Tiradentes, de Rio Branco, acaba de conquistar a primeira medalha de...

Sobre Mailza 2026: secretário que fala demais sem ser chamado só atrapalha

O governador Gladson Cameli tem razão ao proibir secretários e assessores que falam demais e acabam atrapalhando as articulações em torno do projeto Mailza...

Mulheres que amamentam podem ter sintomas semelhantes aos da menopausa

Mulheres que estão amamentando podem apresentar sinais muito parecidos com os da menopausa, como secura vaginal, atrofia dos tecidos e dor na relação sexual....