A busca por equilíbrio emocional tem levado cada vez mais pessoas a recorrer à psicoterapia. Com várias abordagens terapêuticas disponíveis, entender as diferenças entre elas ajuda a escolher o caminho mais adequado.
A psicologia clínica reúne linhas que vão desde a reorganização de pensamentos e comportamentos até a exploração do inconsciente e do sentido da experiência humana. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listaram as principais abordagens e diferenças entre elas. Confira!
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Terapia cognitivo-comportamental e terapias de terceira onda
A TCC é uma das abordagens mais estudadas, com eficácia comprovada em ansiedade e depressão. Ela trabalha a relação entre pensamentos, sentimentos e comportamentos, buscando substituir padrões disfuncionais e criar hábitos mais saudáveis.
As terapias de terceira onda, como ACT, DBT e mindfulness, ampliam a TCC ao ensinar o paciente a lidar com emoções negativas em vez de eliminá-las. O foco está na aceitação e no alinhamento com valores pessoais, o que promove flexibilidade emocional e melhor relação com os desafios do dia a dia.
“Em síntese, o que diferencia cada linha é o olhar sobre o sofrimento humano: umas veem a mente como um sistema de pensamentos a ser reorganizado; outras, como um campo de experiências existenciais a ser compreendido”, explica o psiquiatra Iago Fernandes, de São Paulo.
Psicodinâmica e abordagens humanistas
A psicoterapia psicodinâmica explora conflitos internos e experiências da infância que se repetem nas relações atuais. O objetivo é gerar insights e promover mudanças emocionais aprofundadas, permitindo que o paciente compreenda padrões de comportamento e sentimentos.
Abordagens humanistas, existenciais e fenomenológicas colocam o indivíduo no centro do processo. O foco está na autenticidade, liberdade e sentido da vida, valorizando o encontro genuíno entre paciente e terapeuta e a integração da experiência vivida.
Na terapia, a principal habilidade de um profissional qualificado é a capacidade de escuta para além daquilo que a pessoa fala
Gestalt
A gestalt é uma abordagem que valoriza o momento presente e a integração entre mente, corpo e ambiente. Os problemas surgem quando essa conexão se desequilibra, afetando a forma como a pessoa se percebe e se relaciona.
Nas sessões, o terapeuta propõe exercícios de percepção e diálogo para ajudar o paciente a reconhecer padrões que se repetem. O objetivo é ampliar a consciência sobre as próprias escolhas e fortalecer a responsabilidade emocional.
Psicanálise
Uma das abordagens mais antigas da psicologia, a psicanálise parte da ideia de que pensamentos e emoções inconscientes influenciam o comportamento. O analista ajuda a identificar conteúdos reprimidos e lembranças da infância que se refletem nas relações atuais.
O processo é mais longo e reflexivo, mas oferece uma compreensão profunda da vida emocional, permitindo que o paciente reconheça e elabore as origens do sofrimento.
Terapia junguiana
A terapia junguiana propõe que cada pessoa carrega símbolos e imagens universais — os chamados arquétipos — que influenciam emoções e comportamentos. Ela utiliza sonhos e mitos como caminhos para compreender fases de mudança e conflitos internos.
Durante o processo, o terapeuta estimula o paciente a integrar diferentes partes de si, em um movimento de autoconhecimento que Jung chamava de “processo de individuação”. O foco é alcançar equilíbrio interno e propósito em momentos de crise ou transição.
Terapias integrativas
As terapias integrativas unem técnicas de diferentes abordagens para atender às necessidades individuais do paciente. É possível combinar ferramentas práticas da TCC com a escuta psicanalítica e a atenção ao presente das abordagens fenomenológicas e humanistas.
“Na prática clínica, integrar é escutar com amplitude. A integração não é uma colagem de técnicas, mas uma construção artesanal, feita a partir da singularidade de cada sujeito. O psicólogo que atua de forma integrativa não abandona as bases teóricas, ele as coloca em diálogo”, esclarece a psicóloga Leninha Wagner, de Florianópolis.
Escolha da terapia e fatores influentes
A escolha da abordagem terapêutica não pode ser feita de forma genérica. O sucesso do tratamento depende da harmonia entre a linha teórica, o estilo do terapeuta e o momento de vida do paciente. Nesse contexto, os principais fatores que influenciam a escolha da terapia são:
- Perfil prático e objetivos claros: pessoas que buscam metas concretas se beneficiam da TCC, que oferece ferramentas para lidar com pensamentos desafiadores e modificar comportamentos.
- Desejo de compreender padrões emocionais: a psicodinâmica ajuda a investigar repetições em relações, elaborar lutos e processar traumas precoces.
- Busca por autenticidade e sentido: abordagens humanistas ou fenomenológicas são indicadas para quem enfrenta crises existenciais ou sente desconexão com seus valores.
- Dificuldade com emoções intensas: ACT e DBT auxiliam em casos de impulsividade, sofrimento emocional intenso ou resistência em aceitar situações.
- Questões existenciais profundas: a terapia existencial ajuda a refletir sobre finitude, propósito e sobrecarga emocional, comum em depressão existencial ou burnout.
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Fonte: Metrópoles