A farmacêutica japonesa Takeda anunciou, na segunda-feira (3/11), os resultados finais de um estudo que acompanhou por sete anos a eficácia de sua vacina contra a dengue, a Qdenga.
Os dados mostram que o imunizante oferece proteção duradoura contra infecções e hospitalizações causadas pelo vírus, com perfil de segurança favorável.
O ensaio clínico de fase 3, chamado TIDES (DEN-301), envolveu mais de 20 mil crianças e adolescentes com idades entre 4 e 16 anos em oito países, incluindo o Brasil. A vacina foi aplicada em duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
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Após quatro anos e meio, a eficácia da Qdenga foi de 61% contra casos confirmados de dengue e de 84% contra hospitalizações. Depois de uma dose de reforço aplicada nesse período, a proteção aumentou para 74% contra infecções e mais de 90% contra internações. Nenhum novo problema de segurança foi identificado, e a eficácia se manteve para os quatro sorotipos do vírus.
A Takeda afirma que, desde a primeira aprovação, na Indonésia em 2022, o imunizante foi autorizado em 41 países e teve 18,6 milhões de doses distribuídas.
A vacina também foi incluída na lista pré-qualificada da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que permite seu uso em programas públicos de imunização.
A dengue é transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, e circula em mais de 100 países. O Brasil está entre os mais afetados: em 2024, o mundo registrou mais de 14 milhões de casos, impulsionados pelas mudanças climáticas e pela urbanização desordenada.



A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte
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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles — ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue
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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão
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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada
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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona, para aliviar os sintomas
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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas
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A Qdenga é feita com vírus atenuado do sorotipo 2, usado como base para proteger contra os quatro tipos de dengue. É indicada para pessoas com quatro anos de idade ou mais e deve ser aplicada em duas doses, com três meses de intervalo entre cada uma. As injeções são feitas sob a pele (via subcutânea), em clínicas e postos de vacinação habilitados.
A bula recomenda adiar a vacinação em caso de febre e manter medidas de proteção contra picadas. O uso em gestantes, lactantes ou pessoas com imunidade comprometida deve ser evitado.
Segundo a farmacêutica, com resultados positivos no longo prazo, a Qdenga representa um avanço importante na prevenção da dengue, doença que segue como um dos maiores desafios de saúde pública em regiões tropicais.
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Fonte: Metrópoles





