Um novo estudo, publicado nessa segunda-feira (3/11) na revista Nature Medicine, indica que caminhar entre 3 mil e 5 mil passos diariamente pode ser suficiente para retardar a progressão do Alzheimer em pessoas que já apresentam alterações cerebrais associadas à condição, mas ainda não manifestam sintomas cognitivos.
A pesquisa acompanhou 296 voluntários, com idades entre 50 e 90 anos, por 14 anos. Nenhum deles apresentava sinais de comprometimento cognitivo no início do estudo, mas parte já mostrava acúmulo anormal de proteínas relacionadas ao Alzheimer, como a beta-amiloide e a tau. Com o passar do tempo, os cientistas observaram que quem caminhava mais mantinha melhor desempenho mental.
O que é o Alzheimer?
- O Alzheimer é uma doença que afeta o funcionamento do cérebro de forma progressiva, prejudicando a memória e outras funções cognitivas.
- Ainda não se sabe exatamente o que causa o problema, mas há indícios de que ele esteja ligado à genética.
- É o tipo mais comum de demência em pessoas idosas e, segundo o Ministério da Saúde, responde por mais da metade dos casos registrados no Brasil.
- O sinal mais comum no início é a perda de memória recente. Com o avanço da doença, surgem outros sintomas mais intensos, como dificuldade para lembrar de fatos antigos, confusão com horários e lugares, irritabilidade, mudanças na fala e na forma de se comunicar.
Os resultados mostraram que pessoas que davam entre 3 mil e 5 mil passos por dia apresentaram um declínio cognitivo até três anos mais lento do que indivíduos sedentários. Já aqueles que caminhavam de 5 mil a 7,5 mil passos conseguiram retardar o declínio em cerca de sete anos.
“A conclusão mais animadora é que mesmo um pouco de exercício parece ajudar”, afirmou a pesquisadora Wai-Ying Wendy Yau, da Harvard Medical School e coautora do estudo. Ela destaca que não é necessário atingir a meta de 10 mil passos, frequentemente divulgada, para obter benefícios reais.
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Os pesquisadores também notaram que os efeitos positivos da caminhada foram mais evidentes em pessoas com altos níveis de beta-amiloide no cérebro – um dos principais marcadores de risco para o Alzheimer. Nesses casos, o exercício físico parece ter atuado especificamente na desaceleração do acúmulo da proteína tau, associada ao declínio cognitivo.
Caminhar como estratégia de prevenção
O Alzheimer é a forma mais comum de demência e afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo. O sedentarismo é considerado um dos fatores de risco modificáveis mais relevantes, e estudos anteriores já apontavam que a atividade física regular pode ajudar a preservar as funções cerebrais.



Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas
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Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista
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Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce
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Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano
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Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença
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Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns
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Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doença
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O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida
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Os cientistas ainda não compreendem totalmente como o exercício exerce esse efeito protetor, mas acreditam que ele melhora o fluxo sanguíneo no cérebro, reduz a inflamação e estimula hormônios e fatores de crescimento que favorecem a saúde neuronal.
Apesar dos resultados animadores, os autores reforçam que mais estudos são necessários para confirmar se o aumento dos passos causa diretamente a desaceleração da doença.
“Estamos incentivando os idosos que correm o risco de desenvolver Alzheimer a fazer pequenas mudanças em seus níveis de atividade, criando hábitos sustentáveis que beneficiem o cérebro e a saúde cognitiva”, disse Yau.
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Fonte: Metrópoles





