Colonos israelenses incendiaram uma mesquita e a picharam na Cisjordânia ocupada nesta quinta-feira (13), de acordo com as autoridades palestinas.
A ação faz parte de uma onda de ataques recentes contra palestinos.
O Ministério de Assuntos Religiosos afirmou que colonos atacaram a Mesquita Hajjah Hamidah em Salfit, no norte da Cisjordânia, classificando o ato como um “crime hediondo e um ataque flagrante aos sentimentos dos muçulmanos”.
“O ataque resultou em partes da mesquita incendiadas e depredadas com grafites racistas por gangues de colonos, que realizam ataques diários a locais sagrados islâmicos e propriedades de cidadãos, em meio a uma escalada sistemática tanto na frequência quanto na natureza dessas violações”, afirmou o comunicado do ministério.
Imagens divulgadas pelo ministério mostram inscrições em hebraico na parte externa da mesquita, dizendo: “Maomé é um porco”, uma referência ao profeta do Islã, e “Não tenho medo de Avi Bluth”.
Bluth é o comandante das Forças de Defesa de Israel (IDF) na Cisjordânia, que emitiu um comunicado condenando os ataques dos colonos e chamando os infratores de “jovens anarquistas radicais”.
As imagens mostravam partes do interior danificadas pelo fogo, com uma pilha de destroços carbonizados espalhados pelo chão.
As paredes aparecem enegrecidas pela fumaça e marcas de calor, e os vidros das janelas estão quebrados.
O Ministério das Relações Exteriores da Palestina denunciou o ataque em um comunicado, afirmando que “responsabiliza total e diretamente o governo israelense por este crime e suas consequências”.
Em comunicado à CNN, as Forças de Defesa de Israel (IDF) reconheceram o ataque, afirmando que enviaram tropas ao local para “analisar o incidente e realizar buscas” e transferiram o caso para a Polícia de Israel para prosseguimento das investigações.
As IDF disseram que “nenhum suspeito foi identificado”.
Cerca de 700 mil colonos judeus vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, território que os palestinos reivindicam para um futuro Estado.
Os assentamentos israelenses nos territórios ocupados são considerados ilegais segundo o direito internacional.
Número recorde de ataques de colonos
Os ataques de colonos contra palestinos e suas propriedades aumentaram drasticamente este ano, especialmente durante a época da colheita de azeitonas, em outubro e novembro.
Um relatório das Nações Unidas divulgado na semana passada constatou que colonos israelenses realizaram pelo menos 264 ataques em outubro, o maior número desde que a ONU começou a monitorar esses incidentes em 2006.
A repetida ofensiva prejudicou a colheita de azeitonas deste ano.
Na terça-feira (11), dezenas de colonos israelenses lançaram um grande ataque incendiário contra uma área agrícola na vila de Beit Lid, no norte da Cisjordânia, ateando fogo a uma nova fábrica de laticínios e incendiando veículos e tendas em uma comunidade beduína próxima.
Imagens obtidas pela CNN mostraram os colonos despejando gasolina em carros e caminhões antes de atear fogo nos veículos.
O vídeo mostrava a fumaça tomando conta da área, com mulheres palestinas chorando enquanto homens carregavam extintores e baldes de água numa corrida para apagar o fogo
A CNN visitou o local do ataque e viu veículos carbonizados e os danos causados ao redor da comunidade beduína.
Monjed Aljuneidi, executivo da Al-Juneidi Dairy and Food Company, disse que a cena era “indescritível”. Ele lembrou de dezenas de colonos escalando as cercas da fábrica vindas de várias direções.
“Acho que foi apenas uma mensagem para nos assustar, para assustar nossos funcionários… para tentar impor a realidade deles no terreno… (mas) continuaremos as operações, eles não podem nos parar”, disse ele.
Na comunidade beduína vizinha de Deir Sharaf, moradores disseram à CNN que pelo menos quatro palestinos ficaram feridos e precisaram de hospitalização após o ataque. Eles relataram que colonos os espancaram e mataram quatro de suas ovelhas.
Nabil Dueis, de quinze anos, estava cuidando de seu gado quando os colonos invadiram a área.
“Foi aterrador, especialmente para as mulheres e as crianças… Eu estava indefeso contra 100 deles… Precisamos de proteção do Estado”, disse ele à CNN.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), os colonos atacaram soldados israelenses e danificaram um veículo militar israelense.
Inicialmente, a polícia israelense afirmou ter detido quatro suspeitos para interrogatório após o que classificou como “extrema violência” no local.
No entanto, na noite de quarta-feira (12), a polícia informou ter liberado três dos suspeitos.
O Ministério das Relações Exteriores palestino afirmou que a série de ataques “confirma o crescente terrorismo e os crimes dos colonos, perpetrados com o apoio direto do governo de ocupação, como parte de uma política sistemática e generalizada destinada a minar os direitos do povo palestino”.
Autoridades palestinas apelaram às instituições internacionais e islâmicas para que tomem medidas a fim de garantir a responsabilização.
