Netanyahu boicota votação em apoio ao plano de Trump em Gaza

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e sua coalizão boicotaram nesta quarta-feira (3) uma votação no Knesset, a Assembleia Legislativa de Israel, que teria endossado o plano do presidente dos EUA, Donald Trump, para Gaza.

Assim que o debate sobre a proposta começou, membros da coalizão de Netanyahu deixaram o plenário do Knesset, apressando-se em direção às saídas à medida que a votação se aproximava.

“Admito que estou surpreso e decepcionado com a ausência do primeiro-ministro Netanyahu”, disse Lapid ao iniciar o debate.

“Esta é a primeira oportunidade que nos foi dada, enquanto Knesset, para dizer ao presidente Trump, ao mundo e a nós mesmos: estamos unidos em torno de um objetivo comum. Netanyahu optou por boicotar a votação e não comparecer. É uma pena.”

A votação, instigada pelo líder da oposição Yair Lapid, foi aprovada com 39 votos a favor e nenhum contra.

A medida, em grande parte simbólica, declara que “o Knesset israelense decide aceitar e adotar o plano de 20 pontos do presidente dos EUA, Trump”.

A proposta agora segue para a Comissão de Relações Exteriores e Defesa, onde é provável que a coalizão de Netanyahu a engavete.

Plano para Gaza

O premiê israelense endossou publicamente o plano durante sua visita à Casa Branca em setembro de 2025 e comemorou sua adoção pelo Conselho de Segurança da ONU em novembro.

No entanto, o gabinete, que inclui aliados de extrema-direita de Netanyahu, nunca debateu ou votou formalmente o plano completo além da primeira fase do cessar-fogo, que envolvia uma retirada parcial de Israel da Faixa de Gaza em troca da libertação dos reféns vivos e mortos restantes.

Israel também concordou em libertar vários prisioneiros e detidos palestinos.

A segunda fase do plano de cessar-fogo reconhece um caminho rumo à “autodeterminação e à criação de um Estado palestino”, ao mesmo tempo que apela a uma reforma da Autoridade Palestina para que esta possa, eventualmente, governar Gaza.

Apesar de ter aceitado verbalmente o plano, Netanyahu prometeu repetidamente que não permitirá o estabelecimento de um Estado palestino.

Seus parceiros de coalizão, os ministros de extrema-direita Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, rejeitaram o plano de Trump.

Em novembro, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, exigiu que o premiê “formulasse imediatamente uma resposta apropriada e enérgica que deixasse claro para todos que um Estado palestino jamais será estabelecido em nossa pátria”.

Contra o Estado Palestino

Ben Gvir e outros membros anunciaram na semana passada que se oporão à moção de Lapid.

“É claro que votaremos contra; se Lapid quer envergonhar o Estado, isso é problema dele. Não haverá um Estado palestino”, disse o Ministro do Patrimônio, Amichai Eliyahu, na semana passada, na rádio militar israelense.

Em vez de votar contra a proposta, a coalizão de Netanyahu abandonou a sessão, permitindo que ela fosse aprovada com o apoio da oposição.

O próprio Netanyahu não comentou publicamente a moção de Lapid, mas duas fontes da coalizão disseram à CNN que discussões internas ocorreram nos últimos dias, enquanto o grupo deliberava sobre como lidar com a votação.

Antes da votação, Lapid escreveu no X que deveria ser “um momento de união, refletindo a união pública em torno dos esforços do presidente Trump e sua equipe”, acrescentando que esperava que Netanyahu “instruísse os membros de seu partido e coalizão a apoiar a proposta”.

A oposição empregou uma tática semelhante em uma votação controversa em outubro, quando o Knesset deu aprovação preliminar a um projeto de lei que pedia a soberania israelense sobre a Cisjordânia ocupada durante a visita do vice-presidente dos EUA, JD Vance, a Israel.

A medida foi aprovada por apenas um voto, 25 a 24, apesar do pedido de Netanyahu para que fosse retirada, já que parlamentares rebeldes de direita o desafiaram.

Reação dos EUA

Vance condenou a medida como um “insulto” e uma “manobra política muito estúpida”, enquanto o secretário de Estado americano, Marco Rubio, a classificou como “contraproducente” e “até mesmo ameaçadora” para o plano de paz de Trump para Gaza.

O próprio Trump alertou, em uma entrevista à revista Time em outubro, que “Israel perderia todo o apoio dos EUA” se a anexação fosse concretizada.

Após forte condenação dos EUA, o gabinete de Netanyahu classificou a votação como uma “provocação política deliberada”.

O primeiro-ministro israelense instruiu, posteriormente, o líder de seu partido a não prosseguir com qualquer legislação relacionada à anexação.

 

 

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