Taiwan e Japão expressaram preocupação nesta sexta-feira com as atividades militares da China na região, após a agência de notícias Reuters revelar que Pequim havia mobilizado um grande número de embarcações nas águas do Leste Asiático esta semana, em sua maior demonstração de força marítima até o momento.
A Reuters noticiou na quinta-feira (4) que a China estava mobilizando um grande número de navios da Marinha e da guarda costeira nas águas do Leste Asiático — em determinado momento, mais de 100 — citando fontes e relatórios de inteligência analisados pela agência.
Em declarações à imprensa em Taipé, a porta-voz da presidência de Taiwan, Karen Kuo, afirmou que a atividade chinesa não se limita ao Estreito de Taiwan, mas se estende do Mar Amarelo até as águas próximas às disputadas Ilhas Senkaku, no Mar da China Oriental, adentrando o Mar da China Meridional e o Pacífico Ocidental.
“Isso representa, de fato, uma ameaça e um impacto para o Indo-Pacífico e toda a região”, declarou ela. “Apelamos especialmente à China para que cumpra com suas responsabilidades como grande potência e demonstre moderação em suas ações.”
Kuo afirmou que o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, instruiu as forças de segurança a manterem plena consciência situacional e a fornecerem atualizações oportunas.
Taiwan manterá contato e cooperação estreitos com “parceiros amigos” não especificados para salvaguardar conjuntamente a paz e a estabilidade no Indo-Pacífico, disse ela.
Em Tóquio, o ministro da Defesa, Shinjiro Koizumi, questionado sobre a atividade chinesa no Mar da China Oriental, afirmou que o Japão estava ciente dos relatos e acompanhava os movimentos militares chineses “com grande atenção”, embora tenha se recusado a comentar sobre a situação em específico.
“A China tem expandido e intensificado suas atividades militares nas áreas ao redor do Japão, e nós nos esforçamos constantemente para coletar e analisar informações sobre os movimentos militares chineses com muita atenção”, disse ele a repórteres, sem especificar um período específico das atividades chinesas.
“De qualquer forma, o governo continuará monitorando os acontecimentos em torno do Japão com profunda preocupação e fará todo o possível para garantir uma coleta de informações e vigilância completas”, continuou o ministro da Defesa.

As Forças Armadas da China não se pronunciaram, mas Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, afirmou que as atividades da Marinha e da Guarda Costeira em “áreas marítimas relevantes” seguem rigorosamente as leis nacionais e internacionais.
“Não há necessidade de nenhuma das partes reagir de forma exagerada, interpretar de maneira errônea ou se envolver em especulações infundadas”, disse ele em Pequim.
Novembro e dezembro são tradicionalmente meses de intensa atividade militar na China, embora o Exército de Libertação Popular não tenha anunciado nenhum exercício de grande escala com nome oficial.
As operações superam o grande destacamento naval da China em dezembro do ano passado, que levou Taiwan a elevar seu nível de alerta, relataram fontes.
O aumento da atividade ocorre em meio a uma crise diplomática entre a China e o Japão, após a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, ter declarado no mês passado que um hipotético ataque chinês a Taiwan, governada democraticamente, poderia desencadear uma resposta militar de Tóquio.
Pequim também se irritou com o anúncio feito no mês passado pelo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, de um aumento de US$ 40 bilhões nos gastos com defesa para conter a China, que considera a ilha como seu próprio território, apesar da forte rejeição de Taiwan.
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