Mesmo com juros a 15%, Gleisi ameniza o tom para aliados

Apesar da manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, um dos níveis mais altos em quase duas décadas, por parte do Banco Central (BC), a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tem adotado um tom menos confrontador com aliados, como é o caso do presidente do BC, Gabriel Galípolo.

O Comitê de Política Monetária (Copom)  decidiu manter a Selic em 15% pela quarta reunião consecutiva, justificando que o atual patamar ainda é necessário para assegurar a convergência da inflação para a meta e conter a incerteza econômica global.

A decisão ocorreu em meio a um cenário de inflação moderada e atividade econômica em ritmo lento, o que alimenta expectativas sobre o futuro do ciclo de juros elevados no primeiro trimestre do próximo ano.

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Tradicionalmente uma voz crítica à política monetária mais rígida, Gleisi tem suavizado publicamente suas declarações sobre o tema para aliados do governo.

Em meses anteriores, Gleisi chegou a criticar duramente a política de juros elevada e a atuação do Banco Central, afirmando que a taxa “estratosférica” em 15% penaliza a economia e o setor produtivo.

As criticas mais acentuadas aconteceram na gestão do ex-presidente do BC Roberto Campos Neto, indicado do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).

Na última reunião do Copom sobre a direção de Campos Neto, em dezembro do ano passado, os juros chegaram a 12,25% ao ano com mais duas altas contratadas nas próximas reuniões.

Na época, Gleisi afirmou que o então presidente do BC foi responsável por uma “criminosa sabotagem à economia do país nos dois primeiros anos do governo Lula”.

Ela disse ainda que Campos Neto não cuidou da especulação com o câmbio e sufocou a economia e o crédito no país. “Já vai tarde Campos Neto. Espero que seu terrorismo fiscal também seja suplantado daqui pra frente”, disse em uma publicação nas redes sociais.

É irresponsável, insana e desastrosa para o país a decisão do BC de elevar da taxa básica de juros para 12,25%. Não faz sentido nem seria eficaz para evitar alta da inflação, que não é de demanda. Nem para melhorar a situação fiscal, muito pelo contrário. Esse 1 ponto a mais vai…

— Gleisi Hoffmann (@gleisi) December 11, 2024

Tom ameno

No entanto, mesmo quando a atual composição do BC decidiu, em unanimidade, pela manutenção dos juros em 15%, Gleisi não se posicionou até o momento de publicação desta matéria, dias após a decisão do Copom.

Após a primeira decisão do comitê sob a direção de Galípolo, em janeiro de 2025, que teve alta de 1 ponto percentual, elevando a Selic para 13,25% ao ano, Gleisi avaliou que o aumento já havia sido contratado pela gestão anterior e que não restauraram muitas alternativas a nova presidência.

Na reunião seguinte, em março, houve mais uma alta, para 14,25% ao ano. Gleisi não se posicionou sobre o aumento. Uma terceira alta veio em maio, deixando a Selic em 14,75% ao ano, mas a ministra também não falou sobre o assunto. Em junho, quando os juros chegaram a 15% ao ano, também houve silêncio da aliada de Lula.

A ministra só voltou a se posicionar em novembro, após manutenção da taxa pela terceira reunião consecutiva.

“A decisão do Copom de manter pela terceira vez a taxa Selic em 15% é prejudicial aos investimentos produtivos, ao acesso ao crédito, à geração de empregos e ao equilíbrio das contas públicas. É prejudicial ao Brasil. Nenhuma economia do mundo pode conviver com juros reais de 10%. Nada justifica uma decisão tão descasada da realidade, dos indicadores econômicos, das necessidades do país”, disse.

Entenda o que é o Copom

  • O Comitê de Política Monetária é o órgão do Banco Central responsável por definir a taxa básica de juros da economia, a Selic;
  • O grupo usa a Selic para controlar a inflação, quando ela sobe demais, os juros aumentam; quando está baixa, há espaço para reduzir;
  • O Copom é formado pelo presidente do Banco Central e pelos diretores da instituição, especializados em áreas como política econômica e regulação;
  • O colegiado se reúne a cada 45 dias para analisar dados da economia, como inflação, câmbio, atividade e cenário internacional, antes de votar a taxa.

Relembre as publicações de Gleisi durante a gestão de Campos Neto

Em junho, quando a Selic estava em 10,5% ao ano, Gleisi afirmou que “não há justificativa técnica, econômica e muito menos moral para manter uma taxa básica de juros em 10,5%”.

Não há justificativa técnica, econômica e muito menos moral para manter a taxa básica de juros em 10,5%, quando nem as mais exageradas especulações colocam em risco a banda da meta de inflação. E não será fazendo o jogo do mercado e dos especuladores que a direção do BC vai…

— Gleisi Hoffmann (@gleisi) June 19, 2024

Em julho, com a manutenção da taxa, a ministra afirmou que “insistir na segunda maior taxa de juros do planeta é um ataque ao povo brasileiro”. De acordo com ela, a taxa era considerada como criminosa.

Em outra postagem, acusou Campos Neto de sabotagem ao governo.

O bolsonarista Campos Neto caminha para encerrar seu desastroso período no BC impondo ao Brasil a maior taxa de juros do planeta. Não há fundamento econômico, técnico ou coisa que o valha para explicar essa insanidade. É indisfarçável sua intenção política de sabotar o governo do…

— Gleisi Hoffmann (@gleisi) August 1, 2024

Após a Selic chegar a 11,25% ao ano, a então presidente do Partido dos Trabalhadores avaliou que o Copom estava “sabotando a economia do país”.

A nota do Copom para “explicar” a nova alta dos juros é puro terrorismo de mercado. Chega a projetar uma taxa Selic de 14,5% se não houver “mudanças estruturais” no orçamento. Uma indecência usar esse tipo de chantagem, ameaçando até com disparada do câmbio, pra tentar impedir o…

— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 7, 2024

Indicações de Lula

A próxima composição de diretores do Banco Central deve ser inteiramente indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Isso porque os diretores Renato Dias de Brito Gomes, da Organização do Sistema Financeiro, e Diogo Abry Guillen, da Política Econômica, indicados por Bolsonaro, deixam os cargos no dia 31 de dezembro, já que os mandatos do BC tem duração de dois anos. Com isso, a diretoria do BC será integralmente indicada por Lula.

Confira os atuais integrantes do BC indicados pelo presidente: 

Gabriel Galípolo – presidente do Banco Central;
Ailton Aquino – diretor de Fiscalização;
Gilneu Vivan ​– diretor de Regulação​;
Izabela Moreira Correa – diretora de Cidadania e Supervisão de Conduta;
Nilton David ​​– diretor de Política Monetária​;
Paulo Picchetti – diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos​;
Rodrigo Alves Teixeira ​​​– diretor de Administração​.

A expectativa do mercado financeiro é de que o BC comece a cortar juros no inicio de 2026, quando o comitê já estará completo, já que o ano deve se iniciar com dois diretores a menos no Copom.

Acontece que além da indicação de Lula, que ainda não aconteceu, os nomes precisam passar por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, o que não deve acontecer nas primeiras semanas do ano, tendo em vista que o advogado-geral da União, Jorge Messias, ainda aguarda o calendário para ser sabatinado.

Messias foi indicado para vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).



Fonte: Metrópoles

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