Gripe K: entenda riscos para o Brasil e se vírus pode virar pandemia

O Brasil identificou, pela primeira vez, um caso do chamado subclado K do vírus influenza A (H3N2), popularmente conhecido como gripe K. A detecção foi feita por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) a partir de uma amostra coletada no estado do Pará, como parte da vigilância genômica de vírus respiratórios realizada no país.

Segundo as autoridades de saúde e especialistas, o achado não indica o surgimento de um novo vírus nem de uma pandemia, mas acende um alerta para o acompanhamento da circulação da gripe na próxima sazonalidade.

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O que é a gripe K?

A gripe é uma infecção respiratória causada pelo vírus influenza, que circula todos os anos e sofre mudanças frequentes ao longo do tempo. Entre os vírus que infectam humanos, o influenza A é o mais monitorado por estar associado às maiores epidemias sazonais.

Ele se divide em subtipos, como H1N1 e H3N2, que continuam em circulação na população. Dentro desses subtipos, o vírus passa por pequenas alterações genéticas naturais, chamadas de mutações, que dão origem a linhagens e subclados.

É nesse contexto que surge o chamado subclado K. De acordo com a infectologista Nancy Balley, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), esse nome não é científico, mas uma forma usada para se referir a uma nova ramificação genética do vírus influenza A H3N2.

“O vírus influenza tem essa característica de variações genéticas importantes. Dentro do H3N2, você tem linhagens e, dentro delas, clados, que são como primos de uma mesma família. Esse é um clado novo, o K, e é comum surgirem clados novos”, explica.

Segundo o IOC/Fiocruz, o caso identificado no Pará foi classificado como importado. A amostra foi coletada de um viajante que procurou atendimento médico com sintomas gripais e teve material encaminhado para um laboratório de referência, onde foi feito o sequenciamento genético do vírus.

A identificação reforça a importância da vigilância, mas, até o momento, não há confirmação de transmissão comunitária sustentada do subclado no Brasil.

Ele é mais grave ou mais transmissível?

Do ponto de vista clínico, não há diferença nos sintomas da chamada gripe K em relação à gripe comum. “É impossível olhar um paciente e dizer se ele está infectado por esse clado novo ou por outro influenza”, afirma Nancy.

Sem exames laboratoriais, também não é possível diferenciar se o quadro é causado por H3N2, H1N1, influenza B ou até por outros vírus respiratórios que circulam na mesma época.

A infectologista Rosana Richtmann, coordenadora do Comitê de Imunizações da SBI, reforça que a principal preocupação está relacionada ao impacto em grupos mais frágeis.

“Os pacientes mais vulneráveis, como gestantes, idosos e pessoas com doença cardíaca ou pulmonar, devem procurar atendimento médico se tiverem febre alta, cansaço significativo ou piora dos sintomas”, orienta.

Em relação à vacinação, Richtmann explica que a vacina contra a gripe de 2026 ainda não chegou ao Brasil e que o vírus H3N2 faz parte da composição vacinal. No entanto, como o subclado K é uma variação genética, pode haver algum grau de escape da resposta imune. “A eficácia real só vamos saber mais à frente. O que sabemos é o que aconteceu no Hemisfério Norte”, afirma.

Lá, segundo a especialista, a vacina apresentou boa proteção contra hospitalização em crianças e proteção moderada em adultos, reforçando que o principal objetivo da imunização continua sendo evitar casos graves.

Sintomas, diagnóstico e tratamento

Apesar da maior atenção, especialistas reforçam que não há evidências de que o subclado K seja mais transmissível ou mais grave do que outros vírus influenza H3N2. “Ele não é um vírus novo e não caracteriza pandemia. Pandemia é quando surge um vírus totalmente novo para a população, o que não é o caso”, explica Nancy.

O tratamento da gripe causada por esse subclado segue o mesmo protocolo usado para outros vírus influenza. Segundo Rosana, dados observados no Hemisfério Norte indicam que o remédio oseltamivir funcionou bem, desde que iniciado precocemente. “O importante é começar o antiviral nas primeiras 48 horas dos sintomas, sempre com orientação médica”, diz.

Gripe K: entenda riscos para o Brasil e se vírus pode virar pandemia - destaque galeria4 imagensOs principais sintomas da gripe são dor no corpo, fadiga, febre, secreção, coriza, espiros e tosse. Os casos são limitados e, em dois ou três dias, o paciente não apresenta mais indícios da doençaA indicação é que pessoas gripadas bebam bastante líquido e descansemO uso da máscara é importante em caso de infecções respiratóriasFechar modal.MetrópolesDe acordo com infectologistas, a gripe é causada por vários vírus diferentes, mas os principais são os subtipos H1N1 e H3N2 do influenza1 de 4

De acordo com infectologistas, a gripe é causada por vários vírus diferentes, mas os principais são os subtipos H1N1 e H3N2 do influenza

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Os principais sintomas da gripe são dor no corpo, fadiga, febre, secreção, coriza, espiros e tosse. Os casos são limitados e, em dois ou três dias, o paciente não apresenta mais indícios da doença

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A indicação é que pessoas gripadas bebam bastante líquido e descansem

Getty ImagesO uso da máscara é importante em caso de infecções respiratórias4 de 4

O uso da máscara é importante em caso de infecções respiratórias

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Como se proteger da gripe

  • Uso de máscara, especialmente por pessoas doentes ou vulneráveis.
  • Manter ambientes bem ventilados.
  • Higienizar as mãos com frequência.
  • Evitar contato próximo com outras pessoas ao apresentar sintomas gripais.

“A melhor abordagem é a barreira respiratória, a máscara. E, se estiver doente, o mais importante é não expor as outras pessoas”, reforça Rosana.

A identificação do subclado K no Brasil não muda, por ora, a rotina da população, mas reforça a importância da vigilância, da vacinação anual e dos cuidados básicos. A gripe segue sendo uma doença conhecida, monitorada e prevenível, desde que as orientações de saúde sejam levadas a sério.



Fonte: Metrópoles

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