Por que o governo Trump está pressionando a Venezuela? Entenda em 5 pontos

Os Estados Unidos têm aumentado a pressão militar na região do Caribe e contra o regime do ditador venezuelano, Nicolás Maduro.

Nesta semana, o presidente americano, Donald Trump, ampliou o cerco à Venezuela ao anunciar um bloqueio de todos os navios sancionados que entram e saem do país. Trump também já havia dito que o espaço aéreo venezuelano deve ser considerado fechado, além de frequentemente ameaçar fazer ataques terrestres na Venezuela.

Segundo o governo americano, o objetivo é combater grupos criminosos que traficam drogas para os Estados Unidos, mas há uma série de outros fatores que parecem estar influenciando as ações dos EUA no Caribe. Confira:

Combate às drogas

O governo Trump informou o Congresso em outubro que os EUA estão em “conflito armado” com os cartéis de drogas, alegando que Maduro desempenha um papel importante no fornecimento de drogas ilegais que matam milhares americanos. O regime chavista nega as acusações.

O governo americano também designou como organizações terroristas estrangeiras a gangue venezuelana Tren de Aragua e o Cartel de los Soles, um suposto grupo criminoso ligado a autoridades venezuelanas. Caracas nega a existência do Cartel de los Soles e rejeita qualquer conexão com atividades criminosas.

O Departamento de Justiça dos EUA indiciou o próprio Maduro por acusações de narcoterrorismo em 2020, durante o primeiro mandato de Trump como presidente.

De acordo com dados americanos, a Venezuela é um país de trânsito de cocaína com destino à Europa e aos EUA e um refúgio para grupos criminosos que traficam drogas, mas não é uma fonte de fentanil, a droga associada à maioria das overdoses nos EUA.

A Doutrina Monroe de Trump

Trump divulgou este mês a Estratégia de Segurança Nacional de seu governo, argumentando que os EUA deveriam retomar a Doutrina Monroe do século 19, que declarou o Hemisfério Ocidental como zona de influência de Washington.

A estratégia colocou o hemisfério no topo das prioridades da política externa de Trump e defendeu a influência dos EUA no Ocidente como forma de impedir que a China acesse instalações militares e minerais críticos.

Diante das rigorosas sanções econômicas impostas pelos EUA, o regime de Maduro assinou acordos de energia e mineração com a China, mas também com o Irã e a Rússia.

Uma pressão que levasse a uma mudança no poder da Venezuela, talvez com um governo mais favorável aos EUA, poderia reforçar influência americana na região.

A líder da oposição venezuelana, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Maria Corina Machado, disse que apoia “absolutamente” a estratégia de Trump. Machado disse que o presidente americano finalmente colocou a Venezuela onde deveria estar, como uma prioridade para a segurança nacional dos EUA.

“Há anos que pedimos isso, então finalmente está acontecendo”, disse ela no programa de televisão “Face the Nation”, da CBS.

Disputa por petróleo

Maduro acusa os EUA de estarem interessados no petróleo da Venezuela, cujo principal comprador atual é China. A Venezuela tem as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, e analistas dizem que o acesso ao petróleo pode ser uma valiosa moeda de troca para Maduro nas suas negociações com Trump, um defensor da indústria de combustíveis fósseis.

Algumas empresas ocidentais, incluindo a Chevron CVX.N, sediada nos EUA, posseum uma licença especial e continuam ativas na Venezuela. No entanto, a indústria do país ficou defasada, com uma produção baixa para o tamanho das suas reservas. Anos de sanções também impediram a Venezuela de atrair investimentos e obter equipamentos e peças necessárias para a exploração.

Analistas disseram que as reservas de petróleo da Venezuela seriam de interesse para Trump, mas a questão maior é o alinhamento de um país do continente americano  — rico em petróleo e outros recursos necessários — com adversários americanos como China e Rússia.

“A ideia de que temos este país, com petróleo, minerais e terras raras no nosso hemisfério e cujos principais aliados são a China e a Rússia, é algo que realmente não se enquadra na visão de mundo de Trump”, disse David Smilde, especialista em Venezuela da Universidade de Tulane.

Relação com Cuba

Muitos aliados políticos próximos de Trump — incluindo o seu secretário de Estado Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos — defendem medidas duras contra o governo comunista de Cuba.

Eles veem o regime de Maduro e o petróleo venezuelano como um suporte fundamental ao presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, e a outros líderes em Havana. Os aliados de Trump também esperam que uma mudança no regime da Venezuela enfraqueça o governo cubano.

Medidas contra imigração

O governo Trump tem tomado medidas para acabar com o status legal de centenas de milhares de imigrantes venezuelanos nos Estados Unidos. A medida faz parte da política de deportação em massa que foi promessa de campanha e ajudou o republicano a vencer a disputa pela Casa Branca em 2024.

A população venezuelana nos Estados Unidos cresceu quase 600% entre 2000 e 2021, à medida que o país sul-americano enfrentava crises políticas e econômicas. O número de venezuelanos nos EUA cresceu de 95.000 para 640.000, de acordo com uma análise do Pew Research Center baseada nos dados do Departamento do Censo dos Estados Unidos.

Acabar com a instabilidade na Venezuela também poderia diminuir o número de venezuelanos que deixam o país para procurar uma vida melhor nos EUA.

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