O Acre do absurdo: empresários atacam valorização ao servidor público e 2ª parcela do 13º é adiada “para não gastarem na Internet”

A segunda parcela do 13º dos servidores públicos do Acre (ativos e inativos) deveria estar na conta salário a partir da próxima sexta-feira (15). Era o planejamento da equipe técnica governamental, com efeito financeiro já autorizado pelo governador.

Deveria!

Mas a política de respeito e valorização do funcionalismo, uma boa marca do governo Gladson Cameli, no entanto, sofreu um ataque inesperado dos gananciosos empresários, os mesmos que pegam carona em licitações diversas e já não têm onde guardar as homologações de serviços prestados – e bem pagos – e suas fortunas adquiridas às custa de lobbyes.

Diz a Coluna Bom Dia, do jornal A Tribuna, edição desta terça-feira:

“Foi só vazar a informação do pagamento que empresários e entidades do comércio protestaram na hora. Foram radicalmente contra a antecipação e conseguiram que o governo desistisse da ideia e mantivesse o pagamento só no dia 20. A justificativa é o medo de que, com o prazo de dez dias até o Natal, os servidores usassem o dinheiro para fazer compras pela internet, em vez de gastar o dinheiro no comércio local”.

O empresário Marcello Moura, presidente da Associação Comercial do Acre  – investigado por desvio de patrimônio familiar da Holding do Grupo Recol – reivindica para si a “carteirada” de que se orgulha, acreditando que o bem sucedido lobbye sobre o governo lhe renderá mais prestígio.

“Eu mesmo fiz esse pedido ao governador, que protege o Natal, os empregos do Acre, nossa economia. Já somos muito pobres e sem emprego aqui, e o Sudeste rico. Nosso faturamento e os empregos andam de mãos dadas”, declarou ele num post do jornalista Altino Machado, que também fez a defesa dos servidores.

Diz ainda o jornal:

“Os empresários preferem que seja abolida a livre concorrência e as leis do capitalismo que eles tanto pregam, para obrigar os servidores a comprarem no comércio local, a custo bem mais alto, de acordo com a dinâmica de lucro das lojas do estado. Ou seja, o comércio e os empresários, que tanto clamam pelo liberalismo, pela livre concorrência, pela lei da oferta e da procura, são os primeiros a defenderem seus privilégios e negarem ao consumidor o poder de escolher a melhor oferta, de procurar o mais diverso e barato, que é hoje o comércio eletrônico. É uma defesa de mercado que não pode acontecer”.

E conclui:

“Os empresários deveriam se preocupar mesmo é com o destino dos salários pagos aos aposentados e pensionistas e mesmo ao funcionalismo, todos atolados em dívidas milionárias e absurdas com bancos. Esse sim é um dinheiro que foge do Acre para o sistema financeiro, que ainda sonha em acabar como pagamento do parcelado no cartão sem juros, para lucrar ainda mais”.

 

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