Autismo: aumento do cérebro pode explicar gravidade dos sintomas

O transtorno do espectro autista (TEA) se apresenta de formas diferentes entre as pessoas. Algumas apresentam grau severo e vivenciam dificuldades ao longo da vida, com inabilidades sociais, problemas de linguagem e de cognição. Enquanto outras, desenvolvem sintomas mais leves, que se tornam mais suaves com o tempo.

Um estudo feito na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostra pela primeira vez que os diferentes graus de autismo podem estar relacionados ao crescimento excessivo do cérebro da criança nas primeiras semanas de gestação.

A descoberta, publicada na revista Molecular Autism, em junho deste ano, dá um passo importante no entendimento do TEA.

Para fazer o estudo, os pesquisadores usaram modelos de microcérebros criados em laboratório (organoides corticais cerebrais). Eles foram desenvolvidos a partir de células-tronco coletadas de amostras de sangue de 16 crianças pequenas da mesma idade — dez delas tinham autismo e seis eram neurotípicas (sem autismo).

As células-tronco podem ser reprogramadas para se transformarem em qualquer tipo de célula humana. Assim, foi possível transformá-las em células do córtex cerebral compatíveis com as primeiras semanas de desenvolvimento embrionário.

Os pesquisadores observaram que os microcérebros derivados de crianças com autismo cresceram muito mais — aproximadamente 40% — do que os que vieram de crianças neurotípicas.

Os microcérebros de crianças com autismo severo tiveram o maior crescimento, enquanto os que vieram de crianças com sintomas leves de autismo tiveram apenas crescimento leve.

“Descobrimos que quanto maior o tamanho do microcérebro embrionário, mais graves os sintomas sociais posteriores de autismo da criança”, afirmou o principal autor do estudo, Eric Courchesne, em comunicado à imprensa.

Uma das possíveis causas pode ser a restrição da proteína NDEL1, que regula o crescimento do cérebro durante o desenvolvimento do embrião.

Os pesquisadores descobriram que a NDEL1 estava presente em níveis mais baixos nos organoides cerebrais de crianças com autismo em comparação com as demais. E quanto mais baixos os níveis da proteína, mais os minicérebros cresciam.

“Determinar que o NDEL1 não estava funcionando corretamente foi uma descoberta importante”, disse o cientistas Alysson Muotri, diretor do Centro de Pesquisa Orbital de Células-Tronco Integradas do Sanford Stem Cell Institute na universidade.

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Fonte: Metrópoles

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