O primeiro ano de vida de Joaquim, hoje com 2 anos, foi marcado por muitas idas ao hospital, sete cirurgias e a busca incansável da família pelo bem estar da criança.
Joaquim tem a síndrome Charge, uma anomalia genética rara que atinge um em cada 10 mil nascidos vivos. O nome “Charge” faz referência a um conjunto de complicações em diferentes órgãos do corpo, que podem incluir olhos, nervos, coração, vias nasais e ouvidos, entre outros.
O menino nasceu em 10 de julho de 2022, com um problema no coração que o levou direto para uma unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal.
“Quando o Joaquim nasceu, os médicos já suspeitavam que ele tinha alguma síndrome, mas não sabiam qual”, diz a mãe do menino, Andreia Batista. A servidora pública brasiliense conta que a família viveu dias em “modo sobrevivência”, apenas reagindo às notícias médicas relacionadas ao filho.
“Temos outros dois filhos, um de 18 anos e uma de 9. Então estávamos vivendo com um adolescente, uma criança na escola e um bebê na UTI. Foi muito difícil, mas adotamos uma espécie de ‘modo de sobrevivência’ para dar conta de tudo. De tempos em tempos a gente tinha uma descoberta relacionada à saúde do Joaquim, um novo diagnóstico, uma cirurgia necessária. Não dava tempo de pensarmos muito e focávamos em resolver o necessário para a sobrevivência dele”, lembra.
Entre as muitas complicações de saúde, uma das mais debilitantes foi uma enterocolite necrosante. A inflamação fez com que ele perdesse parte do intestino e precisasse passar por sua primeira cirurgia aos dez dias de vida. O quadro se agravou com o rompimento do intestino do bebê, que acabou sofrendo uma infecção generalizada.
Depois disso, Joaquim teve um choque cardiogênico, condição na qual o coração perde a capacidade de bombear sangue em quantidade adequada para os órgãos e causa a diminuição da pressão arterial, seguida da falta de oxigênio nos tecidos.
O menino precisou passar por uma cirurgia no coração, por uma ileostomia (uma abertura provisória criada cirurgicamente para desviar o fluxo do intestino delgado) e colocar uma sonda nasogástrica, para viabilizar a alimentação.
Para facilitar a respiração da criança, os médicos optaram por fazer uma traqueostomia no bebê. O procedimento foi necessário devido às constantes intubações no hospital, que acabaram resultando no estreitamento da traqueia do bebê.
Recuperação
Os meses seguintes foram marcados por avanços para a saúde de Joaquim. Aos 5 meses, foi possível reconstruir o intestino da criança e retirar a ileostomia. A sonda nasogástrica foi retirada aos 10 meses de idade. Quando ele tinha um ano e seis meses, a cânula de traqueostomia foi retirada de muito trabalho de fisioterapia.
“A fisioterapia foi muito importante para o Joaquim para melhorar essas condições, principalmente para a parte respiratória. Ele sempre teve muitos problemas respiratórios”, lembra Andreia.
A fisioterapeuta pediátrica Dharana Resende, do Hospital Brasília Águas Claras, explica que o histórico de cirurgia do Joaquim causou um impacto muito grande no tórax do menino. Por ter passado muito tempo de barriga para cima, sem poder se virar, ele ficou com o peito mais afundado.
“Era um tórax que estava muito desorganizado por causa das intervenções. Então não funcionava tão bem quanto o de uma criança que nunca passou por cirurgias”, conta Resende.
O trabalho de fisioterapia respiratória teve como objetivo “abrir o tórax” da criança e facilitar a respiração, possibilitando a retirada da traqueostomia.
O trabalho começou no fim de janeiro deste ano. Em março o menino conseguiu retirar o tubo. “A amplitude da respiração dele não era suficiente. Para a gente, foi uma evolução muito rápida. Vimos a postura dele mudando e a respiração melhorando”, conta.
“Não foi fácil. Ainda não é fácil, mas ele está melhorando”, afirma Andreia. Nós estamos começando a lidar só agora com a parte emocional de tudo que aconteceu”. A mãe conta que o menino ainda tem alguns atrasos psicomotores, mas está vivendo avanços importantes nos últimos três meses. Hoje Joaquim senta sem apoio e muda de posição sozinho.
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Fonte: Metrópoles