Tem chance de indicação ou não? O que dizem os especialistas sobre Fernanda Torres no Oscar

Após o sucesso de “Ainda Estou Aqui” nos cinemas brasileiros, o filme de Walter Salles se tornou um queridinho nacional e alimenta a expectativa dos fãs de concorrer ao Oscar em 2025, a maior premiação do cinema. O longa é cotado em diversas categorias, mas o mais simbólico seria a nomeação de Fernanda Torres, 26 anos após a mãe, Fernanda Montenegro, concorrer por “Central do Brasil” em Melhor Atriz.

De acordo com especialistas consultados pelo Portal LeoDias, a chance é real, mas remota. No agregador de apostas e críticas GoldDerby, a brasileira aparece na 9° colocação dentre as mais cotadas. Vale lembrar que cinco artistas concorrem nas categorias de atuação.

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Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva em cena do filme “Ainda Estou Aqui”Divulgação: Sony Pictures Brasil
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Fernanda Torres e Selton Mello protagonizam o filme “Ainda Estou Aqui”Reprodução Instagram Sony Pictures Brasil
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Walter Salles, diretor de “Ainda Estou Aqui”, em festival de cinema com as estrelas de seu filme, Fernanda Torres e Selton MelloReprodução: Instagram/Fernanda Torres

Existe chance sim, mas não é grande. Quando pensamos em atrizes de filmes estrangeiros, temos o exemplo recente da Sandra Hüller, por “Anatomia de uma Queda”, mas europeia e falando inglês a maior parte do filme. É uma possibilidade real, porque o circuito de campanha foi muito forte, maior investimento para um longa brasileiro na história do Oscar”, analisa André Guerra, crítico de cinema do Estação Nerd e Diário de Pernambuco.

O investimento em “Ainda Estou Aqui” também é destacado por Márcio Rodrigo, professor do curso de Cinema e Audiovisual da ESPM. “Há chances bem reais de Fernanda por toda a movimentação que tem ocorrido nos Estados Unidos, o lançamento do filme lá pela Sony”, diz.

Nomes destacados no GoldDerby com mais chances de indicação são Angelina Jolie por “Maria”, Karla Sofia Gascon por “Emilia Perez” e Mikey Madison por “Anora”. Para o Portal LeoDias, os especialistas ainda citam Demi Moore por “A Substância” e Nicole Kidman por “Babygirl”.

Apesar da concorrência, Emiliano Zapata, diretor de inovações audiovisuais do SPcine, afirma que Fernanda Torres tem força própria para se colocar na disputa. “Sua atuação como Eunice Paiva, uma mulher que luta contra as consequências da ditadura militar no Brasil, foi amplamente elogiada por críticos internacionais. Portais como The Hollywood Reporter e The Guardian destacaram a profundidade e intensidade de sua performance, colocando-a entre as favoritas”, argumenta.

Se não acontecer, vai ser roubo?

A campanha de “Ainda Estou Aqui” foi além de presença em festivais e distribuição comercial nos EUA. Os brasileiros compraram a briga e estão ativos nas redes interagindo em publicações da academia e impulsionando conteúdos sobre o filme.

Isso levou já muita emoção e expectativa para um cenário em que, há otimismo, mas é difícil. A categoria de Melhor Atriz no Oscar costuma ser das mais concorridas. O barulho em publicações e comentários pode fazer o filme ser mais conhecido e ganhar mais vasão entre os eleitores, o que pode catapultar o longa brasileiro e Fernanda Torres.

Se a indicação acontecer, vai ser pela campanha. A qualidade é detalhe no Oscar, precisa de reverberação entre os mais de 10 mil votantes”, afirma André Guerra.

Zapata pensa que uma não indicação não tira o mérito de “Ainda Estou Aqui” e nem do cinema nacional como um todo. “O cinema nacional tem talento e histórias impactantes que podem conquistar espaço globalmente, desde que a infraestrutura de apoio seja fortalecida. Se não acontecer a indicação, isso destacará a importância de investimentos em campanhas de divulgação internacional, fundamentais para atrair atenção em uma indústria competitiva como a de Hollywood”, ressalta.

Portanto, é necessário continuar apoiando longas brasileiros para ter mais chances de novas indicações no futuro. “É o prêmio que falta na nossa prateleira de grandes prêmios do cinema brasileiro. Nós ganhamos troféus em Veneza, em Berlim, em Cannes. Nós temos uma tradição de termos bom desempenho em festivais de primeira linha. Mas nós não temos um Oscar. Então é importante que o cinema brasileiro continue até como uma opção aos próprios produtos hollywoodianos, trazendo diversidade para aquilo que a gente consome domesticamente e também levando para outros lugares do mundo”, comenta Márcio Rodrigo.

E em outras categorias?

Apesar do simbolismo da indicação de Fernanda Torres em Melhor Atriz, “Ainda Estou Aqui” é forte páreo em várias categorias do próximo Oscar. O longa de Walter Salles é cotado em Melhor Direção, Melhor Filme Internacional, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante, com Selton Mello.

Márcio Rodrigo acredita que o filme supere “Cidade de Deus”, até hoje recordista de indicações de um brasileiro no Oscar, com 4. “A Sony inscreveu em 8 categorias, acredito que o roteiro, que saiu de Veneza premiado como o melhor roteiro, possa concorrer em Melhor Roteiro Adaptado”, afirma.

As maiores chances do filme estão na categoria de Melhor Filme Internacional, onde já é considerado um forte concorrente. Críticos apontam sua recepção em festivais, como Veneza, e sua narrativa emocional como grandes pontos a favor”, diz Emiliano Zapata.

“A categoria de Melhor Diretor geralmente é mais aberta. Nos últimos anos temos sempre ao menos um estrangeiro concorrendo. Walter Salles é cotado”, comenta André Guerra.



Fonte: Portal LEODIAS

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