Depois de o dólar fechar esta segunda-feira (23/12) a R$ 6,18, o Banco Central (BC) programou para a próxima quinta-feira (26/12), logo após o Natal, um novo leilão extraordinário de dólares à vista, com valor de, no máximo, US$ 3 bilhões.
As propostas serão acolhidas das 9h15 às 9h20 e o resultado será divulgado por meio de comunicado no BC Correio. Serão aceitas as propostas cujo diferencial seja superior ou igual ao divulgado no resultado, podendo ocorrer aceitação parcial do volume ofertado.
O leilão de venda à vista de dólares dos Estados Unidos é referenciado à taxa Ptax, uma taxa de câmbio que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. Essa modalidade injeta dólar no mercado à vista e tem como consequência a redução da cotação da moeda americana.
Ao longo da semana passada, a autoridade monetária leiloou ao menos US$ 23,7 bilhões, para conter a disparada da moeda americana. Na segunda, porém, não houve intervenção do BC no mercado.
Segundo maior valor da história
O salto da moeda americana no início desta semana representou uma reversão sobre o fechamento da última sexta-feira (20/12), quando recuou 0,81%, a R$ 6,07, na segunda queda seguida.
Na quarta-feira da semana passada (18/12), o dólar fechou no maior patamar da história, a R$ 6,26, também considerado o valor nominal. No dia seguinte, na quinta (19/12), atingiu o maior valor durante um pregão, quando bateu em R$ 6,30, embora tenha encerrado o dia a R$ 6,12.
Incerteza fiscal
Na avaliação de analistas, a questão fiscal (que trata da relação entre receitas e despesas da administração pública) tem exercido a maior pressão sobre o dólar. E a aprovação do pacote de corte de gastos do governo por parte do Congresso Nacional não foi suficiente para alterar o humor dos investidores. Ele foi considerado tímido por grupos de economistas.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as mudanças promovidas pelos parlamentares atenuariam em R$ 1 bilhão o impacto das medidas propostas pelo governo. A economia final foi estimada em R$ 71,9 bilhões em dois anos.
Depois disso, contudo, a pasta refez a conta, alterando o efeito da ação dos congressistas em R$ 2,1 bilhões – com economia final de R$ 69,8 bilhões até 2026. Na análise do mercado, no entanto, a queda seria bem menor, ficando entre R$ 42 bilhões a R$ 55 bilhões em dois anos.
Juros dos EUA
O entrave fiscal doméstico, afirmam economistas, entra na cota dos fatores locais que exercem pressão sobre o dólar. Mas a alta da moeda americana também está sendo impulsionada em todo o mundo pelos juros nos Estados Unidos. Essa taxa foi cortada pela terceira vez seguida na quarta-feira (18/12) pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Ainda assim, ela permanece em patamar elevado, no intervalo entre 4,25% e 4,50%.
Com os juros nas alturas, os títulos da dívida americana, os Treasuries, exercem forte atração sobre os investidores globais. Tal situação funciona como um aspirador de dólares, elevando a cotação da moeda americana em relação a outras divisas.
Fonte: Metrópoles