Salário mínimo enfrenta problema de sustentabilidade, diz economista ao CNN Money

O novo salário mínimo de R$ 1.518,00, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025, traz à tona importantes discussões sobre seu impacto nas contas públicas e na economia brasileira.

Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da ARX Investimentos, analisa ao CNN Money os desdobramentos desta medida e os desafios econômicos que o país enfrenta.

Segundo Barros, a política de valorização do salário mínimo no Brasil enfrenta um problema de sustentabilidade. “A cada R$ 1 de aumento no salário mínimo, a despesa do governo aumenta em R$ 400 milhões, devido à indexação entre o salário mínimo de trabalho e o previdenciário”, explica o economista.

O especialista argumenta que a vinculação entre o salário mínimo e benefícios previdenciários cria uma pressão fiscal significativa. “Idealmente, deveríamos acabar com essa indexação entre o salário mínimo de trabalho e o salário mínimo previdenciário”, afirma Barros.

Produtividade e crescimento econômico

Barros questiona a eficácia de atrelar o aumento do salário mínimo ao crescimento do PIB, como é feito atualmente.

Ele destaca que a produtividade do trabalho no Brasil tem se mantido estagnada, sugerindo que “é super razoável que a regra de correção do salário mínimo seja apenas pela inflação, dado que não é grande a produtividade do trabalho”.

Desigualdade e políticas públicas

Quanto ao argumento de que o reajuste real do salário mínimo combate a desigualdade, Barros discorda. “Existem instrumentos mais efetivos, mais eficientes para a gente combater a desigualdade de renda”, afirma.

Ele aponta a melhoria da educação e da infraestrutura como caminhos mais eficazes para reduzir a desigualdade e elevar os salários médios no longo prazo.

Cenário macroeconômico e confiança do mercado

O economista alerta para uma “crise de confiança” na economia brasileira, que afeta tanto a política fiscal quanto a monetária.

“Precisa discutir essa agenda estrutural”, diz Barros, mencionando a necessidade de desvinculação de gastos, reforma administrativa e cumprimento do teto remuneratório no serviço público.

Em relação à política monetária, Barros expressa preocupação com a autonomia do Banco Central (BC) e sua capacidade de conduzir a política de juros de forma técnica e independente.

Ele sugere que os modelos apontam para a necessidade de juros entre 17% e 18% para controlar a inflação, mas duvida que o BC adote medidas tão austeras.

O debate sobre o salário mínimo e seus impactos revela a complexidade dos desafios econômicos enfrentados pelo Brasil em 2025.

A busca por um equilíbrio entre valorização salarial, sustentabilidade fiscal e crescimento econômico permanece como um dos principais desafios para os formuladores de políticas públicas no país.

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