Jair Bolsonaro decidiu escolher o general Hamilton Mourão para o cargo de vice em 2018 após uma reunião com seus filhos Carlos, Eduardo e Flávio, em um banheiro. O episódio é narrado pelo deputado Eduardo Bolsonaro em um livro laudatório sobre o pai, que será lançado nos próximos dias.
Bolsonaro bolou uma estratégia para descobrir se os filhos ou assessores estavam realmente entregando suas cartas a eleitores. Ou, nas palavras de Eduardo, se não estavam “dando uma de malandro” e mentindo ao pai.
“Um dos instrumentos para isso eram as cartas-iscas. Para evitar que nós, os entregadores (eu, o Carlos, o Flávio e os assessores), déssemos uma de malandro, não entregando cartas e mentindo que entregamos, ele [Jair Bolsonaro] fazia o seguinte: incluía nas remessas de cartas de cada um algumas cartas para destinatários inexistentes. Então, se um de nós voltasse para a base dizendo que conseguiu entregar todas as cartas, o capitão já sabia que ali tinha mutreta, pois pelo menos a carta-isca tinha que ter voltado junto.”
Eduardo foi o único filho a dividir a Câmara com o pai, de 2015 a 2019. Em 2016, no dia em que a Casa votaria o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, Jair sondou Eduardo sobre uma ideia de voto: homenagear o coronel Carlos Ustra, notório torturador da ditadura. Como se sabia, Dilma fora presa e torturada na ditadura. Eduardo ficou em cima do muro:
“Se você está seguro disso, eu vou estar do seu lado, apoiando. Você sabe o que faz.”
Metrópoles